Por falta de vereadores, projeto sobre ônibus menos poluentes não é votado pela Câmara Municipal

Diário do Transporte

 

O PL 300/17, projeto de lei do vereador Milton Leite, que propõe alterações nos artigos 50 e 51 da Lei de Mudanças Climáticas, que deveria passar por primeira votação nesta quarta-feira, 17 de maio de 2017, só deve ser analisado a partir da semana que vem.

 

O projeto estava na pauta, junto com outras proposições. No entanto, no final da tarde, não havia número de vereadores suficientes na 19ª sessão ordinária extraordinária, que deveria ao todo analisar 49 propostas. Os parlamentares até estavam na Câmara, mas não registraram presença. Foi uma manobra de um grupo de vereadores que queria inserir mais assuntos na pauta e retirar algumas proposições.

 

A proposta apresenta um novo cronograma para substituição da frota de ônibus municipais a diesel, privilegiando uso do biodiesel.

 

Pelo projeto de Milton Leite, em 2018 todos os ônibus deveriam ser abastecidos com a mistura B20, ou seja, 20% de biodiesel misturados ao diesel convencional. Em 2020, todos os ônibus da frota municipal deverão operar com B100 – 100% de biodiesel.

 

Também pela proposta, uma frota significativa de ônibus elétricos só estará presente na cidade a partir de 2037, quando deverá haver 1500 coletivos entre modelos com bateria ou trólebus. A implantação desses veículos começaria em 2023, com 75 unidades novas. Relembre a proposta na íntegra acessando este link:

 

Ônibus elétricos

 

Enquanto os ajustes da lei 14,933, de 5 de junho 2009, conhecida como Lei de Mudanças Climáticas, não são definidos e o edital de licitação dos transportes ainda não foi publicado, fabricantes de diversos tipos de tecnologia de tração alternativa ao óleo diesel correm para mostrar as vantagens e viabilidades dos seus produtos para o sistema de São Paulo.

 

O sistema de transportes da capital paulista é o maior da América Latina. Contando com as integrações com o Metrô e CPTM, são transportados aproximadamente 9 milhões de passageiros por dia.

 

O sistema de transportes por ônibus da capital paulista é o maior da América Latina. Contando com as integrações com Metrô e CPTM, são transportados aproximadamente nove milhões de passageiros por dia. A frota hoje é de quase 14.800 ônibus municipais.

 

Obviamente que todos os fabricantes querem estar nesse mercado e, perder as oportunidades de uma licitação e de estar no cronograma de renovação de frota, pode ser fatal para qualquer negócio neste ramo.

 

No entanto, a questão dos ônibus não poluentes vai muito além de motivos mercadológicos.

 

De acordo com pesquisa do professor Paulo Saldiva, à frente do laboratório de poluição da Universidade de São Paulo, mais de 4 mil pessoas morrem na cidade por ano, em média, por problemas relacionados à má qualidade do ar.

 

Os grandes responsáveis pela poluição são os carros de passeio. O trânsito na cidade de São Paulo é congestionado pelo uso excessivo do transporte individual, o que impacta na qualidade do ar. Entretanto, o diesel está entre os principais geradores de poluição e, mesmo numa proporção de frota menor, os veículos com este combustível são responsáveis por grande parte dos problemas.

 

Pela proposta da ABVE, a substituição dos ônibus se daria de maneira gradual.

 

No primeiro e no segundo anos, a partir da implantação do cronograma, 20% dos ônibus novos do sistema seriam de tecnologia menos poluentes, como elétricos, híbridos ou majoritariamente não fósseis (a etanol, gás natural e biodiesel com mistura de 50%). No décimo ano, já todos os ônibus novos deveriam ter tecnologia não poluente ou com menor nível de emissões, como elétricos, híbridos e majoritariamente não fósseis.

 

Toda a frota seria 100% livre da dependência exclusiva do diesel somente daqui a 15 anos, em 2032. O prazo coincide com estimativas de especialistas que participaram do Congresso Internacional de Mobilidade, da UITP – União Internacional de Transportes Públicos, evento que foi encerrado nesta quarta, 17 de maio, em Montreal, no Canadá. Os palestrantes, do mundo acadêmico e do setor de fabricantes, preveem que no prazo de 15 anos nenhum ônibus municipal ou metropolitano nos países desenvolvidos seria movido exclusivamente a diesel. (Diário do Transporte/Adamo Bazani)