Inflação desacelera em março a 0,25% e dá sinal verde para BC reduzir mais os juros

Reuters

 

Os preços de transportes caíram e a inflação oficial do Brasil perdeu ainda mais força em março, encostando na meta do governo e deixando o caminho aberto para o Banco Central intensificar o afrouxamento monetário na próxima semana.

 

Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou a alta a 0,25%, de 0,33% em fevereiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Essa é a leitura mais baixa para meses de março desde a alta de 0,21% verificada em 2012.

 

Já no acumulado em 12 meses até o mês passado, o índice registrou avanço de 4,57 por cento, contra 4,76% no mês anterior. Com isso o IPCA fica muito próximo do centro da meta oficial de inflação, que é de 4,5% com margem de 1,5 ponto percentual.

 

A alta nos 12 meses até março é a mais fraca desde agosto de 2010, quando o IPCA avançou 4,49%.

 

Os resultados tanto para o mês quanto para o acumulado bateram exatamente com a mediana das expectativas em pesquisa da Reuters.

 

“A inflação em 2017 está em ladeira abaixo. A inflação representa o momento que vivemos e as pessoas não estão comprando. O consumo é inibido muito pelo desemprego, ambiente econômico e renda menor”, disse a economista do IBGE Eulina Nunes, destacando que essa é a primeira vez desde 2012 que o IPCA fica abaixo de 5% por dois meses seguidos.

 

O dado de março derivou principalmente da queda de 0,86% de Transportes, após os preços subirem 0,24% em fevereiro. O destaque foi a gasolina, uma vez que o preço do litro ficou em média 2,21% mais barato.

 

Também registraram queda de preços os grupos Comunicação (-0,63%), Artigos de residência (-0,29%) e Vestuário (-0,12%).

 

Na outra ponta, os preços de alimentos e de bebidas voltaram a pressionar no mês, com alta de 0,34%, devolvendo parte do recuo de 0,45% em fevereiro.

 

O maior impacto individual para cima foi registrado pela energia elétrica, de 0,15 ponto percentual no índice, após avanço de 4,43% no mês. O grupo Habitação foi diretamente afetado pelo movimento, exibindo alta de 1,18% em março – a mais elevada variação de grupo.

 

Por sua vez a inflação de serviços, considerada prioritária pelo BC para a política monetária, desacelerou com força a 0,33% em março, contra 0,84% em fevereiro.

 

Será com esses dados que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reunirá na próxima semana para decidir sobre a política monetária.

 

Depois de já ter cortado a taxa básica de juros em 2 pontos percentuais, para os atuais 12,25%, o cenário de inflação e recuperação ainda lenta da atividade é propício para o aumento do ritmo de corte a 1 ponto percentual.

 

Em seu Relatório Trimestral de Inflação, o BC passou a ver inflação menor em 2017, de 4%, e também informou que poderia fazer uma “intensificação moderada” no ritmo de corte dos juros básicos.

 

Na pesquisa Focus do BC junto a economistas a expectativa é de que o IPCA encerre 2017 com alta de 4,10%, ficando em 4,5% em 2018. Para a Selic, os entrevistados passaram a ver a taxa a 8,75% no fim deste ano. (Reuters)