“Este ano ainda não será fácil”, diz Sindipeças

O Estado de S. Paulo

 

Para o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Dan Iochpe, “este ano ainda não será fácil para o setor”. Mesmo com alta nas exportações e queda nas importações, a perspectiva é repetir a produção de 2016, pois o mercado interno continua fraco.

 

Ainda assim, ele não vê “uma situação de ruptura ou de quebra no sistema de fornecimento”. Também não espera fechamento significativo de fábricas, apesar de o setor operar com 50% de ociosidade. “Apesar do momento de gravidade vivido nos últimos três anos, há grande resiliência no setor.”

 

Desde 2013, quando a crise começou a afetar a venda de car- ros, as autopeças demitiram 61,7 mil trabalhadores e empregam agora 158 mil. As montadoras cortaram 35,9 mil vagas e hoje mantêm 121 mil empregados.

 

Iochpe admite um movimento mais agressivo de concentração de empresas. “Muitos fabricantes terão de buscar parcerias internacionais porque são necessários investimentos altíssi- mos em novas tecnologias e vários não têm condições de fazer isso sozinhos”, diz Eduardo Barros, sócio do Halembeck Barros e Sicherle Advogados, especializado em fusões e aquisições.

 

Segundo o relatório da Transactional Track Record (TTR), em 2016 ocorreram dez transações de indústrias de autopeças, mesmo número de 2015. Em 2014, foram oito fusões e aquisições no setor. “Este ano, o número pode ser maior”, prevê Luiz Fernando Halembeck. O escritório foi procurado recentemente por duas importantes empresas interessadas em parcerias.

 

Para tentar evitar o risco de não receber encomendas e ficar na mão, algumas montadoras estão reduzindo o número de fornecedores e concentrando encomendas de empresas em melhor situação financeira. “Há um processo de depuração”, confirma o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale.

 

Ele ressalta que há um movimento envolvendo empresas, bancos e governo para criar um fundo para capitalizar as autopeças. “Sem capital de giro, muitas empresas não vão conseguir resolver problemas atuais.”

 

A nova política industrial que substituirá o Inovar-Auto a partir de janeiro também terá foco maior nas autopeças. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)