Jornal do Carro
Diversos analistas de consumo e comportamento vinham observando que, nos mercados norte-americano e europeu, uma parte considerável das crianças e adolescentes que deveriam formar a próxima leva de consumidores de automóveis não tinham o mesmo fetiche por carros típico das gerações anteriores: preferiam investir seu dinheiro em gadgets eletrônicos, como smartphones e tablets, ou mesmo gastá-lo com viagens e experiências de vida. É claro que isso acendeu um alerta vermelho nas montadoras – algumas até tentaram adaptar seu discurso a essa mentalidade incipiente, declarando que não vendem carros, mas “soluções de mobilidade”.
Mas uma pesquisa feita nos Estados Unidos pela consultoria de mercado Mintel descobriu que há um fator novo que está invertendo essa tendência e promete salvar a pele das fabricantes, garantindo suas vendas junto aos chamados “Millenials” – as pessoas nascidas entre 1978 e 2000. E o nome do salvador da pátria é… Uber.
De acordo com a pesquisa, o surgimento e a proliferação dos aplicativos de transporte privado (dos quais o Uber é o representante mais famoso, rivalizando com Cabify e Lyft, entre outros) passou a incentivar essa geração a comprar carros. Nos EUA, cerca de 15% dos consumidores de carros nessa faixa etária estão fazendo a compra com a intenção deliberada de trabalhar para esses aplicativos.
Em entrevista ao jornal “Washington Post”, o analista Buddy Lo explicou que uma boa parte dos millenials percebeu que precisa buscar apoio em um plano B para complementar sua renda e até dar suporte à sua busca pela verdadeira vocação profissional.
Essa geração nascida nos anos 80 e 90 entraram no mercado de trabalho em um período em que os custos de vida e habitação dispararam e, para a Mintel, a ideia de desembolsar o valor de um carro novo (cerca de US$ 15 mil, ou R$ 47 mil, nos EUA) já não parece tão absurda ou distante para eles.
“Esses aplicativos foram uma benção para esses jovens, pois eles passaram a ganhar dinheiro em cima de um ativo, o carro, que só se deprecia com o tempo”, declarou o analista da agência – que apurou, ainda, que 84% desses jovens planeja comprar modelos zero-quilômetro e não usados, para ter acesso aos últimos recursos tecnológicos e de segurança. (Jornal do Carro)