O Estado de S. Paulo
Na contramão de outras montadoras, a Nissan pretende contratar 600 funcionários em 2017 e criar um segundo turno para a sua única fábrica no País, localizada em Resende, sul do Rio de Janeiro. O presidente da Nissan do Brasil, François Dossa, disse ao Broadcast, sistema de informações em tempo real do Grupo Estado, que a empresa fará ainda neste ano investimento de R$ 200 milhões no projeto de implantação da produção do Nissan Kicks – outros R$ 500 milhões já foram investidos em 2016.
O executivo afirmou que, apesar da crise, os investimentos estão sendo mantidos pela montadora que tem “uma visão de longo prazo”. “O Brasil já foi o quarto mercado mundial, hoje é o décimo, mas acreditamos numa recuperação. Em 2021, deve voltar para a sexta ou quinta posição”, afirmou durante evento de apresentação de apoio a atletas brasileiros no Rio, chamado Time Nissan 2.0.
Dossa disse que “talvez o Brasil nunca tivesse vivido uma crise tão forte, mas há elementos que mostram que a retomada não está tão longe”. Ele citou a queda da inflação e dos juros, “muito importante” para um mercado onde a maior parte das vendas é por financiamento. Para ele, a taxa Selic deve ficar em torno de “9% e algo” no final do ano – atualmente está em 12,25% ao ano.
O otimismo, no entanto, é para 2018. “Neste ano, o PIB (Produto Interno Bruto) deve parar de cair, crescer em torno de 1%, mas em 2018 estimamos que o crescimento seja mais relevante, em torno de 3%”, disse.
O executivo afirmou ainda que a Nissan aumentou o market share em 2016, o que também justifica a manutenção de investimentos.
Dossa disse não temer a perda dos benefícios concedidos pelo Estado do Rio relativos ao Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “Tudo o que temos de incentivo está amparado em lei estadual, não é decreto. Sabemos que há uma segurança jurídica”, afirmou.
Ampliação
A contratação de 600 pessoas já teve início e será concluída até agosto ou setembro, explicou. Atualmente, o Nissan Kicks, lançado nos Jogos Olímpicos do Rio, é importado do México. “A venda dos carros produzidos no Brasil deve começar em maio ou junho deste ano”, disse.
Com isso, a fábrica de Resende passará a ter 2.100 funcionários. A unidade foi inaugurada em 2014 com investimentos totais de R$ 2,6 bilhões, realizados entre 2011 e 2014. São fabricados hoje na unidade motores e os veículos Versa e March. Hoje, há um turno de oito horas, que passarão a ser dois turnos de oito horas. (O Estado de S. Paulo/Mariana Sallowicz)