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Com a perspectiva de estabilização da demanda por aço em 2017 no Brasil, o mercado se mostra mais otimista em relação à recuperação da Usiminas. No entanto, analistas apontam riscos como câmbio e o aumento da briga interna por participação nas vendas.
“A disputa interna vai continuar acirrada”, afirma o analista da Planner Corretora, Luiz Francisco Caetano. Ele observa que a entrada recente da Gerdau no mercado de aços planos ainda terá reflexos em 2017. “Apesar desse fator já estar precificado, um novo entrante traz perda de share para todos os players.”
Na avaliação do analista da Ativa Investimentos, Phillip Soares, os setores que consomem aço demonstram que não haverá um crescimento significativo da demanda neste ano. “As perspectivas de vendas para o mercado em que a Usiminas atua ainda não são boas para 2017.”
Caetano acrescenta que, diante da oscilação do câmbio, quem tiver mais agilidade para negociar preços terá vantagem, principalmente em relação aos importados. “Assim a chance de perda de mercado é menor.”
Em teleconferência com analistas o diretor comercial da Usiminas, Sérgio Leite, estimou que o consumo de aços planos no País deve crescer entre 2% e 5% em 2017, com destaque apenas para máquinas agrícolas. “Projetamos um aumento das exportações neste ano e estabilidade no mercado interno”, ponderou.
Executivos da companhia reforçaram que só o aumento dos volumes de vendas podem melhorar a geração de caixa.
“Estamos em um processo de reestruturação desde 2015 e já conseguimos resultados positivos ao longo do ano passado. O que falta mesmo é uma escalada da demanda”, esclareceu o diretor vice-presidente de finanças e relações com investidores da Usiminas, Ronald Seckelmann.
Apesar da maior siderúrgica em capacidade instalada do País ter amargado o décimo prejuízo líquido trimestral consecutivo entre outubro e dezembro do ano passado, as perdas vêm sendo reduzidas. Neste sentido, o analista da Planner pondera que as perspectivas de caixa para a empresa são positivas. “A Usiminas fez uma virada importante no ano passado. O pior já passou”, pontua Caetano.
Soares destaca que a sobrevivência da companhia já não está mais em questão. “Em relação ao desempenho no passado recente, hoje a Usiminas está melhor posicionada”, diz.
Complexo de Cubatão
Como parte do seu plano de reestruturação, a Usiminas encerrou as atividades das áreas primárias em Cubatão (SP) no início do ano passado.
A siderúrgica passou a comprar placas de terceiros para laminar na unidade. Segundo Seckelmann, hoje o nível de produção em Cubatão é de 100 mil toneladas por mês. “Mas podemos facilmente dobrar esse volume dependendo da demanda do mercado”, revela.
No entanto, ele comenta que o cenário para reativação das áreas primárias é incerto. “Ao menos no curto e médio prazo, não temos previsão de retomar a produção integrada em Cubatão. Não enxergamos condições de mercado que sustentem essa decisão.”
Enquanto isso, a Usiminas ainda enfrenta disputa acionária no bloco de controle entre Nippon Steel e Ternium. Porém, segundo Caetano, a questão não deve mais comprometer o futuro da empresa. “Mas apesar do problema não ser hoje a principal preocupação, certamente uma solução para o impasse seria algo positivo”. (DCI/Juliana Estigarríbia)