América do Sul deve voltar a crescer, favorecendo as exportações do País

DCI

 

A economia da América do Sul deve voltar a crescer neste ano, favorecendo a atividade do Brasil por meio das exportações. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a expectativa é que a região avance 0,8% em 2017, após recuo de 2,3% em 2016.

 

Já a projeção do banco argentino BBVA é que o Produto Interno Bruto (PIB) do continente registre alta de 1% neste ano, ante queda de 1,4% no ano passado.

 

Há quatro anos em desaceleração, a economia sul-americana retomará trajetória de expansão, impulsionada pela recuperação dos preços das matérias-primas agrícolas e minerais no mercado internacional e pela expectativa de estabilidade das taxas de juros e dos índices de preços.

 

Esta análise é válida, sobretudo, para as economias do Peru, Colômbia, Chile e Argentina. Estes são os países que vão puxar a expansão da região sul-americana, avalia o professor de economia da Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP), Eduardo Mekitarian. “O crescimento desses países favorecem as vendas externas do Brasil”, diz ele. “O País tem um bom relacionamento com as nações vizinhas, especialmente com a Argentina, para onde exportamos produtos de maior valor agregado”, complementa Mekitarian.

 

O professor de relações internacionais da ESPM, Pedro Costa Júnior, concorda com avaliação de Mekitarian, reafirmando que a tendência para este ano é de melhora na nossa balança comercial com Peru, Chile, Colômbia e Argentina.

 

Por outro lado, um incremento mais forte das exportações pode ser prejudicado pelo atual movimento de valorização do real frente ao dólar. “O Banco Central (BC) já tem atuado para impedir que o real não se valorize muito e caia para baixo de R$ 3,00”, diz Mekitarian. “No entanto, para alavancar as nossas vendas externas, o patamar ideal do dólar seria entre R$ 3,30 e R$ 3,40”, complementa o professor.

 

Projeções

 

Segundo as projeções traçadas pelo Itaú Unibanco, o Peru deve verificar o maior o crescimento dentre as nações da América do Sul, em 3,8%, patamar semelhante ao esperado para 2016. O país vizinho deve ser impulsionado pelo setor de mineração, pela estabilidade da sua taxa de juros – que deve ficar no mesmo nível do ano passado, em 4,25% ao ano – e por uma queda da sua inflação, de 3,2% em 2016, para 2,7% em 2017.

 

A Argentina, por sua vez, deve entrar em trajetória de recuperação neste ano, avançando 2,7%, depois de poder ter registrado queda de cerca de 2,1% em sua economia. De acordo com o economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, o PIB do país parceiro deve ser estimulado por uma expansão fiscal, pela retração da sua taxa de juros, de 19% em 2016, para 15% em 2017, além de um recuo inflacionário de 22% no ano passado, para 16% neste ano.

 

Colômbia

 

Já a Colômbia deve ter crescimento econômico de 2,3% neste ano, ante uma alta estimada de 1,8% registrada no ano passado. Além da recuperação dos preços das commodities, o Banco Central colombiano deve cortar os juros em dois pontos percentuais neste ano, para uma taxa de 5,5% ao ano. Em 2016, os juros do país encerraram o ano em 7,50%.

 

As previsões do Itaú para o PIB chileno, por sua vez, é de uma elevação de 2% em 2017, contra uma expectativa de expansão de 1,5% no ano passado. Os preços das commodities em alta também beneficiam o país, bem como um afrouxamento da política monetária. O BC chileno deve reduzir os juros de 3,5% para 2,5%, enquanto o índice de preços oficial do país deve ficar estável em cerca de 2,8% neste ano.

 

Na contramão dos demais países da América do Sul, Venezuela e Equador devem continuar em recessão. Segundo o FMI, esta última nação deve cair cerca de 6% neste ano.

 

Na América Latina, a desconfiança vem do México. O país importou as incertezas políticas oriundas dos Estados Unidos provocadas pela postura protecionista de Donald Trump. Somente o risco de fim do Nafta já afasta investidores e empresas, diz Mesquita. (DCI/Paula Salati)