O Estado de S. Paulo
Os resultados mais favoráveis da indústria automobilística em novembro e dezembro de 2016 ainda não se repetiram em janeiro de 2017. Dado o peso desse segmento na produção industrial, os números podem indicar que a recuperação do setor secundário não será rápida, nem se deve excluir a possibilidade de que se alternem, neste semestre, meses favoráveis e desfavoráveis, até que se imponham as tendências positivas.
O anúncio de férias coletivas numa fábrica de São José dos Campos mostrou que as montadoras, que receberam aportes das matrizes em 2016, não estão confortáveis com os níveis de vendas.
No mês passado, a comercialização de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus foi de 147,2 mil unidades, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Os números retratam quedas de 5,1% em relação a janeiro de 2016, de quase 42% comparativamente a janeiro de 2015 e de 53% em relação a janeiro de 2014. As expectativas do mercado automotivo eram de vendas de cerca de 165 mil unidades no mês passado.
Entre as várias linhas, o indicador menos desfavorável foi o de vendas de automóveis e comerciais leves, com queda de 4,07% ante janeiro de 2016. Tomando exclusivamente os veículos comerciais leves, como picapes de uso comercial, misto para carga e passageiros e esportivo, as vendas aumentaram 20,4% comparativamente a janeiro de 2016.
Segundo a associação das montadoras (Anfavea), a produção de autoveículos aumentou 17,1% entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, para 174,1 mil veículos. Entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, houve aumento de estoques (de 36 dias para 38 dias), mas, apesar da frustração das vendas de janeiro, espera-se recuperação no ano, apoiada no crédito, acredita o presidente da Anfavea, Antonio Megale.
Na comparação entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, houve aumento expressivo nas vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias, sinal de investimentos da agropecuária. Quanto ao atraso na recuperação do mercado de veículos leves, historicamente a retomada de vendas só costuma ocorrer após o carnaval. (O Estado de S. Paulo)