O Estado de S. Paulo/The New York Times
Fundada por três antigos executivos da empresa de Steve Jobs, a Pearl copiou o que seus líderes consideravam ser o melhor da cultura da Apple, como a fanática dedicação ao design. Mas eles também rejeitaram alguns aspectos menos atrativos, como o culto do segredo. Os principais executivos da empresa, por exemplo, informam todos os funcionários sobre próximos produtos, finanças da companhia e problemas técnicos.
“Dá uma sensação de liberdade”, disse Latimer, que deixou a Apple em maio. “Todos dão sua contribuição aqui, portanto todos precisam saber das coisas”.
Contratados. A Pearl, comandada por Bryson Gardner, recrutou muita gente da Apple. Mais de 50 dos 80 funcionários da empresa trabalharam para a gigante da tecnologia de Cupertino, Califórnia.
Apesar de pagar bem, a Apple não dava grandes desafios para funcionários, que estavam cansados de trabalhar em aprimoramentos adicionais do iPhone, disse Brian Sander, cofundador da Pearl e diretor de operações.
E a proposta, além do mais, era sedutora: tornar as estradas mais seguras dando a dezenas de milhões de carros velhos os mesmos recursos de segurança de alta tecnologia encontrados nos modelos mais recentes. “Ele vibraram. Estava na hora de fazer alguma coisa diferente”, afirma Sander.
Experiência
Com tantos contratados da Apple, a presença da empresa de Steve Jobs pode ser sentida de vários modos na Pearl. A Apple, por exemplo, fragmenta grandes projetos em tarefas menores, que são atribuídas a pequenas equipes e cada uma delas subdivide a tarefa para um funcionário específico, que deve cumpri-la. A Pearl copiou este sistema. “Dirigir pequenas equipes é muito eficaz”, disse Gardner, presidente executivo.
A Pearl também importou o enfoque disciplinado da Apple no campo da engenharia. Prazos são estabelecidos regularmente e falhas são tenazmente investigadas. A empresa também trabalha com dezenas de fornecedores, principalmente na Ásia.
No entanto, apesar destas influências, a Pearl não seguiu a tese da Apple de que apenas executivos do alto escalão devem ter uma visão da companhia inteira. Para isso, eles se inspiraram em outros casos de empresas fundadas por ex-funcionários da gigante de Cupertino. Um exemplo é a Nest Labs, a mais bem sucedida companhia fundada por veteranos da Apple – neste caso, Tony Fadell e Matt Rogers.
Segundo Rogers, a Nest era um ótimo lugar para trabalhar, com enorme crescimento, produto excelente e muita inovação.
Enquanto isso, na Apple, ele afirma que “tudo gira em torno do ‘como entregar nosso próximo iPhone para o Natal?’’
O primeiro produto da Pearl Automation é uma câmera para carros chamada Rear Vision. Com duas câmeras de alta definição e com transmissão sem fio para o celular, o acessório pode ser encontrado por US$ 500 em varejistas – muito mais cara do que os concorrentes no mercado. Por isso, as suas vendas tiveram o início lento e, no final do ano passado, a Amazon chegou a reduzir o valor do produto para US$ 400.
Presidente executivo da Pearl, Bryson Gardner não revelou dados específicos a respeito das vendas do novo produto, mas disse que pretende ampliar a distribuição do aparelho ainda este ano. A entrada lenta da empresa no mercado, porém, é apenas mais indicativos de que a empresa pensa como a Apple e pensa a longo prazo.
Engenheiros já estão testando uma tecnologia para carros estacionarem sozinhos e outros recursos de assistência ao motorista. Até agora a companhia levantou US$ 50 milhões junto a empresas de capital de risco, como Accel, Shasta Ventures e Venrock, mas, para concretizar seu planos e se assegurar no mercado, precisará levantar mais capital em 2017. (O Estado de S. Paulo/The New York Times/Vindu Goel, tradução de Teresinha Martino)