IGP-M sobe em janeiro, mas perspectivas para 2017 são boas

O Estado de S. Paulo

 

A alta da inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP–M), de 0,54%, em dezembro, para 0,64%, em janeiro, foi inferior às projeções dos analistas (0,72%, em média) e explica-se pela sazonalidade, com elevação de preços do grupo habitação, de ônibus e educação, e pela reação do mercado global de commodities, influenciando os preços do minério de ferro, do óleo diesel, da gasolina automotiva e da cana-de-açúcar. Comportamento semelhante da inflação oficial (IPCA) também está previsto para este ano, segundo a pesquisa Focus, do Banco Central.

 

O declínio esperado do IGP-M ajuda as famílias, pois é o índice mais usado para corrigir aluguéis. Além disso, desemprego e perda de renda real levam proprietários e inquilinos a negociar ajustes mais brandos.

 

Constituído por preços no atacado, ao consumidor e pelo Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), o IGP-M oscila mais do que o IPCA.

 

Os preços ao produtor, por exemplo, que pesam 60% na composição do IGP-M, subiram 0,70% em janeiro, influenciados por matérias-primas brutas (+0,91%) e bens intermediários (+1,05%).

 

Os economistas Salomão Quadros e André Braz, da FGV, acreditam que a desaceleração dos preços notada nos últimos meses de 2016 vai prosseguir em 2017. Escreveram no boletim Macro Ibre de janeiro, por exemplo, que “o IPCA-15 variou 0,31%, o menor porcentual da série para um mês de janeiro”. O grupo alimentação e bebidas avançou 0,28%, uma fração do aumento de 1,67% de janeiro de 2016. “Também os serviços devem registrar taxas mais baixas que as do início de 2016, mesmo levando em conta a escassa flexibilidade dos reajustes das anuidades escolares.” Para a inflação menor contribuiu a correção do salário mínimo em quase cinco pontos porcentuais a menos que em 2016.

 

Afinal, as projeções de safra ajudaram a derrubar os preços (e o IGP-M), o que já se observou em janeiro, com queda de 4,20% na soja, 4,30% no milho, 5,93% no farelo de soja, 13,98% no feijão e 3,73% nas aves. Preços menores de alimentos são decisivos para fortalecer o poder de compra dos consumidores e ajudar a reativação da economia. (O Estado de S. Paulo)