O Estado de S. Paulo
O ano começou bem para o comércio exterior graças ao aumento das cotações de commodities agrícolas e metálicas. Soja, minério de ferro, petróleo bruto, carnes, café e açúcar destacaram-se entre os produtos cujas exportações mais cresceram em janeiro, favorecendo a balança comercial num período sazonalmente fraco. Daí o superávit de US$ 2,7 bilhões no mês passado, quase três vezes superior ao de janeiro de 2016 e acima das expectativas de mercado. Comparadas a janeiro de 2016, as exportações de US$ 14,9 bilhões cresceram 32,7%, e as importações, quase US$ 12,2 bilhões (+18,3%). Pelo critério de médias diárias, as altas foram menores (20,6% e 7,3%).
Embora as exportações pesem pouco no Produto Interno Bruto (PIB), o governo quer estimulá-las. A Receita Federal anunciou que as empresas exportadoras poderão usar créditos tributários para quitar débitos com a Previdência Social, com base no último programa de refinanciamento de dívidas. Pode ser uma ajuda valiosa para exportadores, em especial os de manufaturados, cujo mercado é muito disputado. Favorece, ainda, a rentabilidade das exportações, que segundo a Fundação Centro de Comércio Exterior (Funcex) caiu 8,2% em 2016, em razão do aumento de 7,5% no custo da produção e do declínio de 6,2% nos preços dos produtos exportados.
Em 2016, com exportações de US$ 185 bilhões, importações de US$ 137 bilhões e uma corrente de comércio (soma de exportações e importações) de US$ 322 bilhões, o Brasil se manteve como um dos países mais fechados do mundo. E nada indica que essa situação possa mudar muito neste ano.
Os avanços de janeiro permitiram apenas uma ligeira melhora na corrente de comércio, que atingiu US$ 328,3 bilhões, 1,7% mais do que em 2016. Entre 2011, melhor ano para o comércio exterior, e 2016, a corrente de comércio caiu 33%.
E o Brasil continua muito dependente das exportações de itens básicos e de semimanufaturados, com crescimentos de 30% e de 27,5% entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. As vendas de manufaturados aumentaram apenas 7,4%.
A melhor notícia é a melhora da demanda chinesa, com peso de 20,3% nas exportações de janeiro, ante 14,1% em janeiro de 2016. (O Estado de S. Paulo)