Temer e Macri discutirão acordo em autopeças

O Estado de S. Paulo

 

O presidente argentino, Mauricio Macri, que se reúne hoje em Brasília com o presidente do Brasil, Michel Temer, disse estar aberto a escutar alguma alternativa do governo brasileiro ao novo regime argentino de autopeças, que estimula a produção local. Mas a proposta brasileira, disse, terá de considerar o déficit comercial argentino com o Brasil, de US$ 4,3 bilhões em 2016.

 

“Mais de 80% desse déficit é explicado pela indústria automotiva. Estamos procurando uma ferramenta para desenvolver a indústria de autopeças na Argentina que equilibre essa balança”, justifica Macri. “Estamos dispostos a escutar a alternativa de solução que o Brasil colocar, mas o regime argentino é muito semelhante ao programa brasileiro Inovar Auto.”

 

O novo regime argentino, a ser implementado, concede créditos tributários entre 4% e 15% aos veículos fabricados na Argentina com um mínimo de 30% de conteúdo local.

 

Para o presidente Macri, a Ar- gentina tem sido até “solidária” com o Brasil, perdoando a falta de cumprimento da indústria automotiva brasileira do acordo que está em vigor.

 

Outro setor sobre o qual a Argentina está disposta a estudar o que o Brasil propuser é o comércio de açúcar, historicamente ausente da União Alfandegária do Mercosul. “O Brasil nos pediu que aceitemos receber uma proposta. Concordamos em receber uma proposta para começar a discutir. Não sabemos qual será”, disse. Odebrecht. Ao contrário da reação de outros países como Peru, Panamá e Equador, que suspenderam a Odebrecht de futuras licitações, Macri diz que se a companhia confessar a quem subornou, poderá continuar na Argentina.

 

“Se eles colaborarem em identificar quem recebeu os US$ 35 milhões, se confessarem a quem pagaram na Argentina, poderão continuar trabalhando aqui”, afirmou. Em acordo firmado com autoridades brasileiras, americanas e suíças em 21 de dezembro, a Odebrecht admitiu ter pago 35 milhões de dólares em propina na Argentina entre 2007 e 2014, durante o governo de Cristina Kirchner (2007-2015).

 

Sobre a suspeita de a Odebrecht ter ajudado a financiar as campanhas eleitorais de todos os candidatos na última disputa presidencial na Argentina, incluindo a dele mesmo, o presidente minimizou: “Não me consta (que tenha havido financiamento) e não me preocupa”, concluiu. (O Estado de S. Paulo/Márcio Resende)