Auto Esporte
A Honda vendeu praticamente todos os carros que produziu em 2016. Foram 122.541 unidades comercializadas, enquanto a capacidade da fábrica de Sumaré (SP) é de 120 mil unidades (havia unidades em estoque, por isso o número de vendas maior do que a produção).
Para 2017, a expectativa poderia ser de aumento nas vendas, com a chegada do crossover compacto WR-V e o primeiro ano cheio de comercialização do novo Civic, além de o HR-V continuar na disputa pela liderança dos SUVs compactos.
Até existe a possibilidade de aumentar a produção, já que a Honda possui uma fábrica pronta em Itirapina, também no interior de São Paulo. O local também pode entregar 120 mil carros por ano, dobrando a capacidade de produção da montadora.
Fábrica “trancada”
Mas a realidade é bem diferente. Os japoneses decidiram “trancar” a fábrica, e só irão iniciar a fabricação em Itirapina quando o mercado se recuperar – ainda que a Honda esteja apostando em produtos de categorias com vendas em alta no Brasil.
“Pensamos em toda a cadeia produtiva: fornecedores, produção, funcionários e concessionários. Temos que manter o equilíbrio”, disse Issao Mizoguchi, presidente da Honda South America.
“Se abrirmos Itirapina agora, não teremos produção suficiente para 1 turno”, diz. A conta, para o executivo, é simples: “Para a Honda, Itirapina representa o dobro [da produção]. Mas, com a linha atual, não vamos conseguir o dobro nas vendas com este mercado”.
O “número mágico” para que a montadora possa produzir em sua nova fábrica pode estar distante da realidade brasileira. “Precisamos de um mercado de 3 milhões de veículos para abrir Itirapina”, completou Issao. Considerando que 2016 teve 1,98 milhão de automóveis e comerciais leves vendidos, o aumento nos emplacamentos deveria ser de praticamente 50%.
Linha flexível
Sem a nova fábrica, a Honda terá que se adequar para colocar o WR-V nas lojas em março. “Temos apenas uma linha de produção. E ela é flexível. Podemos fazer City, Civic, Fit, HR-V e WR-V. Se o consumidor quer WR-V, podemos fazer”, disse o presidente da Honda.
E, mesmo se a demanda for maior do que o esperado (a Honda não fala em números), é possível aumentar a produção com horas extras e até um eventual novo turno aos sábados.
CR-V no fim do ano
Um dos poucos produtos importados da Honda, o SUV médio CR-V teve a chegada da nova geração confirmada para o final do ano. Ele chega vindo do México. A marca ainda não definiu versões ou motorizações – nos Estados Unidos, há uma inédita versão turbo.
Mas o planejamento da Honda é manter o SUV com um perfil discreto nas vendas – ele não deve ser figura tão fácil em nossas ruas. “Com a geração atual, tivemos que trabalhar com as cotas de importação. Como o volume era pequeno, optamos pela versão topo de linha”, disse Roberto Akyiama, vice-presidente da Honda South America. (Auto Esporte/André Paixão)