Duas empresas do exterior e uma brasileira querem comprar a Busscar, de Joinville

Diário Catarinense

 

Dois grupos empresariais do exterior e um nacional têm interesse em comprar as unidades operacionais da Busscar Ônibus. O grupo brasileiro se compõe de investidores e de empresa paulista fabricante de carrocerias. Estes, de São Paulo, já apresentaram proposta efetiva de compra pelo valor de R$ 67.150.000. A oferta está reconhecida como válida pela Justiça.

 

As empresas do exterior manifestaram a intenção de apresentar proposta formal, mas ainda não o fizeram. São a chinesa Liaoyuan Group e a portuguesa Imparávelepopeia UniPessoal Ltda. Segundo o que apurou a coluna, ambas afirmam que também querem retomar a operação da produção de ônibus em Joinville.

 

Regras do edital

 

As duas contrapropostas, da forma como foram feitas, não atendem às regras do edital. Por isso, e cuidando para que se consiga arrecadar o maior valor possível com a venda dos ativos e, então, saldar compromissos com os credores, o juiz da 5ª Vara Cível, Walter Santin Junior, determinou que os chineses e os portugueses confirmem efetivo e provado interesse pelos bens da Busscar.

 

Intenção

 

Diante da situação, o magistrado recebeu a proposta do grupo chinês, mas, por ora, sem admitir o processamento nos autos.

 

Ele reforça: “A Liaoyuan, ao afirmar intenção de proposta, não se compromete com a cifra ofertada e, portanto, na atual conjuntura (…), tem-se uma mera especulação de compra. E como fez sua manifestação via leiloeira, designada pelo juízo, e dentro do prazo previsto, isso permite adequação. O mesmo vale para a Imparável epopeia Ltda”.

 

Quem são

 

Os chineses são um grupo com negócios diversificados naquele país asiático e que já têm atividades no Brasil nas áreas de energia (PCHs) e portos, por exemplo.

 

Os portugueses são representantes de grupo investidor suíço, que aporta recursos, e quer investir em transporte e energia no Brasil. Nenhum deles é operador do ramo de carrocerias de ônibus. Seus projetos preveem a contratação de gente do mercado para operar a atividade. O detalhamento dos projetos deverá vir até a data determinada pela Justiça.

 

Maior valor

 

A Liaoyuan Road Construction Machinery Co. fez a proposta de valor mais alto. Anuncia que está disposta a pagar R$ 160 milhões, em parcela única, para ficar com o acervo patrimonial da massa falida (as unidades das duas fábricas de Joinville e de Rio Negrinho). A Imparávelepopeia, que atua como fundo de investimentos, diz que pagará R$ 73.542.236,13.

 

Quinze dias

 

Justamente para atender ao melhor interesse da massa falida, o juiz concedeu o prazo de 15 dias úteis, a partir da sua decisão, do dia 12 de dezembro, para que a Liaoyuan e os portugueses exibam documentos. Aos chineses, documento do governo chinês garantindo que o negócio é factível. Também exige o estatuto social ou seu equivalente chinês da empresa que assina a proposta; o documento revelador de sua composição societária, inclusive com referência ao seu capital; e a procuração, outorgando poderes ao signatário da intenção da proposta. No mesmo prazo, os chineses deverão confirmar sua proposta perante a leiloeira.

 

Santin Junior deu o mesmo prazo para os portugueses entregarem semelhantes documentos. A data-limite para a entrega de toda a proposta e projeto detalhado é 7 de fevereiro de 2017, porque o Judiciário entra em recesso neste mês de dezembro.

 

Leilão

 

Uma circunstância importante: a decisão que determinou o processamento da modalidade de venda adotada prevê que, em caso de haver contraproposta superior àquela já lançada nos autos (R$ 67.150.000,00), haverá designação de leilão. (Diário Catarinense/Claudio Loetz)