Carsale
O automóvel já tem bem mais de 100 anos, mas, ainda assim, consegue se manter em evidência. De tempos em tempos, algum assunto vem à tona, seja para polemizar ou apenas para mexer com o mercado.
Você já percebeu que quando um fabricante lança/renova um sedã, os concorrentes também o fazem de imediato? Fica sempre aquela impressão de que “esse ano é dos sedãs” – mas vale lembrar que já tivemos o ano dos hatchs, das minivans e até o das peruas! Pois é, essa categoria em extinção já foi queridinha por muitos…
Enfim, quero que o leitor entenda que sempre há um assunto para falarmos sobre os carros. E o assunto do momento, tema desta coluna, são as novas tecnologias empregadas nos motores.
Na verdade, boa parte de tudo que vou escrever aqui nem é tão novo assim. Porém, como algumas dessas tecnologias estão chegando agora às categorias de entrada, estão se tornando mais populares.
Quem buscava baixo consumo de combustível, antes tinha que optar por modelos de baixo desempenho. Esses novos motores mostram que isso ficou para o passado, pois conseguem ter alto desempenho com números de consumo inimagináveis. A palavra de ordem é “eficiência”.
Uma tendência irreversível é a de motores cada vez menores em números de cilindros e de cilindrada. Os carros grandes e médios passaram a ter cilindrada de carro pequeno. E os pequenos, que já tinham baixa cilindrada, estão adotando um cilindro a menos.
Para você que gosta de se manter informado, entenda, de um jeito simples, o que estão colocando debaixo do capô dos carros.
Turbo
Começo com o turbo, aquele “caracolzinho” fantástico que arranca sorriso do mais carrancudo dos motoristas.
Anos atrás, era um equipamento que tinha apenas a finalidade de aumentar o desempenho.
Essa força adicional só aparecia depois de uma certa rotação, o que tornava a condução bem arisca. O consumo de combustível era alto, mas quem iria se preocupar com isso num carro esportivo?
A proposta dos turbos de hoje em dia é diferente. Eles são menores, com baixa inércia, desenvolvidos para otimizar a mistura de ar/combustível dentro dos cilindros.
Um dos objetivos continua sendo o aumento de potência, mas esse aumento vem junto com a diminuição do consumo de combustível.
Um caso bastante comentado ultimamente é do VW up! TSi, que tem o mesmo motor 3 cilindros de 1 litro das versões de entrada, mas com “turbinho” que fez mágica nesse carro. Compare os dados de desempenho e consumo e você vai se surpreender!
Injeção direta de combustível
Todos os carros da atualidade têm injeção eletrônica. Mas, na maioria dos casos, essa injeção ainda é feita indiretamente do coletor de admissão.
Nos casos mais atuais de injeção direta, o combustível é injetado direto na câmara de combustão.
Juntamente com um gerenciamento eletrônico mais moderno, a queima do combustível é muito mais eficiente.
Como essa tecnologia já chegou aos carros pequenos, pode contar que, em breve, todos os motores serão assim.
Multiválvulas
Termo usado por um motor que tenha mais de duas válvulas por cilindro. Nem é tão novo…
Na coluna da semana passada, recordei do Fiat Tempra, o primeiro nacional com motor multiválvulas – isso em 1993! Mas vale lembrar que, desde então, muita coisa mudou.
Com o Tempra, vieram reclamações de pouca força em baixas rotações, além do medo da manutenção mais onerosa e do maior consumo de combustível.
O preconceito foi tanto que os motores multiválvulas foram deixados de lado por um tempo.
Com novas tecnologias e a adoção de variadores de fase na admissão e no escapamento, hoje eles estão com tudo novamente e são empregados em 100% dos motores que se dizem modernos.
Corrente de comando
Não posso afirmar que o uso da corrente de comando é melhor que o da correia dentada.
Alguns especialistas até preferem a correia, que é menos ruidosa. Mas o fato é que os motores mais modernos estão adotando o uso de corrente.
Para mim, o maior benefício é a ausência de manutenção, já que ela foi projetada para durar o mesmo tempo da vida útil do motor.
Materiais leves
O peso é o um dos maiores inimigos do carro. Por isso, o emprego de materiais leves é cada vez maior.
Blocos e cabeçotes passaram a ser de alumínio; coletores de admissão, de plástico.
Vai chegar o dia em que um homem comum conseguirá levantar um motor sozinho.
Start stop
Essa é uma tecnologia mais presente em carros de categorias superiores – mas está aí o Fiat Uno para mostrar que dá para tê-la em carros de entrada também.
Para mim, era algo estranho saber que o motor iria desligar cada vez que o carro parasse num semáforo ou mesmo num trânsito pesado. Mas quando tive a oportunidade de dirigir um carro com esse sistema, fiquei surpreso com a rapidez com que o motor é “religado”. Não só é rápido, como é suave.
Em outras palavras, é preciso um pouco de atenção para perceber o motor ligar e desligar.
Concluo dizendo, caro leitor, que se você ainda não tem nada disso em sua garagem, pode ter certeza que em breve o terá. (Carsale/Felipe Carvalho)