Jornal do Carro
A Nissan lançará o Kicks no Brasil em clima de competição. Carro escolhido para acompanhar o revezamento da tocha olímpica – já que a montadora é a principal patrocinadora dos jogos do Rio de Janeiro –, o utilitário-esportivo chega às lojas em 5 de agosto, dia da abertura do evento, e tem a meta de conquistar ao menos uma medalha no segmento.
A seu favor, há o fato de ser um projeto bem desenvolvido, a ótima lista de equipamentos e o preço de R$ 89.990, menor que os dos rivais, para a versão SL. Já a série Rio 2016 é tabelada em R$ 93.500. As opções mais em conta só serão lançadas quando o veículo for nacionalizado, o que ocorrerá até o ano que vem – por ora, ele vem do México.
Também conta a favor do Kicks o ótimo comportamento dinâmico, capaz de melhorar seu índice na busca por um lugar no pódio de vendas. Já o desempenho do motor 1.6 flexível pode não gerar o fôlego necessário no sprint final.
Em um primeiro contato, o Kicks chama a atenção. Seu desenho é moderno e o porte, adequado ao de um utilitário. Por dentro, o acabamento é muito bom. Na versão avaliada, o interior de dois tons, com couro marrom nas portas e painel e plástico texturizado preto no resto, dá aura de sofisticação.
Completam esse bom pacote visual itens funcionais, como o quadro digital personalizável do lado esquerdo do cluster e a tela colorida de 7” sensível ao toque que “salta” do painel central oferecendo navegação, sistema multimídia e câmera 360 graus para o assistente de estacionamento.
No quesito desempenho, o carro está bem longe de empolgar. Os 114 cv e 15,5 mkgf a 4 mil rpm são apenas suficientes para mover o carro com o mínimo de dignidade. O câmbio automático CVT, que traz conforto na ausência de trancos, também não parece ser a escolha ideal, e o modelo só pega embalo perto dos 3.800 rpm, já a mais de 80 km/h.
A partir desse ponto, ao manter a velocidade de cruzeiro, o comportamento melhora. E, ao selecionar o modo Sport em um botão na alavanca, a rotação sobe mais rápido e o utilitário acelera com mais vigor. A diferença é bem perceptível, mas ainda sem colocar emoção na equação. Para compensar isso, o Nissan agrada ao bolso. É nota “A” no programa de etiquetagem do Inmetro e fez a média de 9,3 km/l de etanol no uso misto de cidade e estrada.
A suspensão é excelente. Composta por um conjunto de McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, ela segura o Kicks muito bem nas curvas e dá ao carro rodar macio, sem aquela oscilação da carroceria sentida em muitos utilitários. Ao passar em buracos, suporta bem o tranco, sem transferir quase nada ao motorista.
O bom trabalho é auxiliado por vários sistemas eletrônicos, como os controles dinâmicos de chassis e de curvas e o estabilizador ativo de carroceria. As rodas de liga leve aro 17 com pneus 205/55 também surgem como mais uma opção acertada no utilitário.
A posição de dirigir é ótima: o volante tem boa pegada e é bem centralizado em relação ao assento criado pela NASA, agência espacial americana. Nas mais de cinco horas de avaliação do carro, realizadas sem paradas, não houve cansaço no final, prova de que o foco em evitar a fadiga está no caminho certo. Todos os botões estão ao alcance e à mostra, inclusive os de abertura do tanque de combustível e do capô, nem sempre fáceis de achar em outros veículos. O espaço é bom na frente e atrás, mas nessa parte só para duas pessoas, cujos joelhos e cabeça ficam bem acomodados. (Jornal do Carro)