Vendas de pneus para montadoras caem 22,6% no acumulado do ano

Diário do Grande ABC

 

A crise no setor automotivo provocou queda de 22,6% nas vendas de pneus para as montadoras de veículos entre janeiro e maio de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado ontem pela Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos). No acumulado dos cinco primeiros meses, a produção de veículos no País recuou 24,3%, de acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

 

O desempenho da indústria pneumática só não foi pior em razão do comércio exterior. O faturamento obtido com exportações teve crescimento de 22,6%, resultado de uma elevação de 20,6% no volume enviado para outros países. A balança comercial do setor teve superavit U$S 337,35 milhões entre janeiro e maio.

 

O presidente da Anip, Alberto Mayer, explica que a desvalorização do real frente ao dólar – especialmente nos primeiros meses de 2016, quando a moeda norte-americana superou a barreira de R$ 4 – foi um dos fatores responsáveis pelo aumento das exportações, já que o pneu brasileiro fica mais barato para o comprador internacional, o que o torna mais atrativo.

 

Ele acrescenta que a parceria comercial do Brasil com a Argentina ficou mais forte desde dezembro, quando o empresário Mauricio Macri tomou posse como presidente. Segundo Mayer, o governo argentino reduziu as barreiras para importação, o que possibilitou o aumento das vendas para os hermanos.

 

Por outro lado, Mayer demonstra preocupação com o fato de a cotação do dólar estar caindo – a divisa fechou o pregão de ontem a R$ 3,30. “Quando o real estava mais desvalorizado, o volume de importações no Brasil caiu muito e a indústria nacional conseguiu ocupar parte desse mercado de reposição. Agora, estamos com medo do que vai acontecer diante desse reposicionamento do câmbio, pois o preço do pneu brasileiro não é competitivo em relação, principalmente, ao asiático.”

 

Nos cinco primeiros meses do ano, as vendas para o mercado interno de reposição recuaram 2,2% em relação na comparação com o mesmo período de 2015. Considerando somente os pneus para motocicletas, a queda foi de 13,8%. O presidente da Anip considera esse dado como preocupante. “Principalmente se levarmos em conta que a frota circulante só cresce. Pode estar aumentando em ritmo mais lento do que em outros anos, mas continua subindo. Então, o fato de o mercado de reposição estar em queda indica que ou os motoristas estão prorrogando a vida útil dos pneus, ou seja, rodando além do recomendado, ou que estejam utilizando pneus reformados. Ambas as práticas colocam em risco a segurança”, alerta.

 

Emprego

 

Apesar dos números negativos, o nível de mão de obra não teve queda tão acentuada, segundo Mayer. Ele informa que, desde 2014, o estoque de trabalhadores no setor foi reduzido em cerca de 5%, chegando aos atuais 28,5 mil empregados em 20 plantas de 11 companhias, que estão localizadas em seis Estados.

 

Apenas no Grande ABC, são aproximadamente 5.200 pessoas alocadas, sendo 3.500 na Bridgestone e outras 1.700 na Pirelli. Ambas as empresas possuem unidades em Santo André. (Diário do Grande ABC/Fábio Munhoz)