O Estado de S. Paulo
Em razão da alta ociosidade de suas fábricas, a Ford fará uma sinergia na mão de obra das linhas de produção de automóveis e de caminhões em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que sempre operaram com equipes independentes. Com a junção de atividades, a empresa alega que ficará com 850 trabalhadores excedentes, de um total de 4,5 mil.
Segundo a companhia, com a otimização e sinergia da mão de obra o mesmo grupo de empregados irá trabalhar nas duas linhas em dias alternados.
Ford Para evitar demissões aleatórias, a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC acertaram acordo que prevê abertura de um programa de demissão voluntária (PDV) para 400 trabalhadores (300 da produção e 100 do administrativo), voltado principalmente para funcionários já aposentados.
Os outros 450 excedentes terão os contratos suspensos, no chamado layoff, por período inicial de cinco meses, mas com possibilidade de prorrogação. Nesse programa, parte dos salários é paga pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Outra medida aprovada em assembleia de trabalhadores ontem é a prorrogação, por três meses, do Programa de Proteção ao Emprego para cerca de 3 mil operários. O PPE, adotado em janeiro, venceria amanhã. O programa permite a redução de jornada e salários – cuja parcela também é bancada pelo FAT.
De julho a setembro, os funcionários dos setores de carros (atualmente a fábrica produz apenas o Fiesta) e de caminhões passarão por treinamento para atuar nas duas linhas.
“Foi um processo longo de quase três meses de negociação. Com o acordo conseguimos tirar o fantasma das demissões sumárias que pairava sobre a fábrica”, disse, em nota, o presidente do sindicato, Rafael Marques. Inicialmente, a entidade foi informada de que a fábrica teria 1.110 excedentes.
“O acordo vai dar conta de gerir o excedente nesse cenário de crise econômica, que tem impactado profundamente o setor automotivo, preservando os empregos e abrindo espaço para a discussão do futuro da planta”, afirmou Marques.
A Ford informou, também por meio de nota, que as medidas serão adotadas “em razão da contínua deterioração das condições de negócios e consequente redução dos volumes de vendas e produção”.
Mercado em queda. As vendas totais de caminhões caíram 31,2% de janeiro a maio ante igual período de 2015, para 21,3 mil unidades. As de automóveis e comerciais leves tiveram recuo de 26,4%, para 785,6 mil unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
A Ford é a segunda montadora a anunciar que não vai renovar o PPE, nesse caso a partir de outubro. A MercedesBenz, outra fabricante de caminhões no ABC paulista, suspendeu o programa no fim de maio, após nove meses de adesão. Como afirma ter 2 mil funcionários excedentes (20% do seu efetivo), a empresa abriu um PDV e mantém 1,8 mil trabalhadores em licença remunerada.
Segundo a Anfavea, até o fim de maio o setor contabilizava 6 mil funcionários em layoff e 29,6 mil no PPE, trabalhando um dia a menos por semana.
Chery
Nesta terçafeira, 28, a montadora chinesa Chery e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos confirmaram acordo anunciado na semana passada de layoff por cinco meses para 180 dos 400 funcionários da fábrica de Jacareí (SP).
A partir de segundafeira toda a produção será suspensa até início de dezembro. Permanecerão na fábrica apenas funcionários dos setores de administração e manutenção.
Além de estoques suficientes dos dois modelos fabricados na unidade, o Celer e o QQ, a empresa alega necessidade de preparar a linha de montagem para o início da produção do utilitárioesportivo Tiggo, hoje importado do Uruguai. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)