O Estado de S. Paulo
A Ford fechou um acordo com seus trabalhadores para evitar a demissão de 850 funcionários da fábrica da montadora em São Bernardo do Campo, informou nesta terçafeira o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O principal ponto do acordo é que os trabalhadores conseguiram a renovação da adesão da montadora ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE) por mais três meses. Antes previsto para expirar em junho, agora vai até o fim de setembro.
Com isso, ficou acertado que, a partir de outubro, com a participação no programa já encerrada, 450 metalúrgicos terão seus contratos suspensos (layoff). Além disso, será aberto um Programa de Demissão Voluntária (PDV), com meta de adesão de 400 trabalhadores, sendo 300 metalúrgicos e 100 funcionários administrativos, evitando, portanto, um total de 850 demissões. Depois do fechamento do PDV, os trabalhadores terão estabilidade de emprego até janeiro de 2018.
“Com este acordo conseguimos tirar o fantasma das demissões sumárias que pairava sobre a fábrica desde que a direção nos informou que não pretendia renovar o PPE. Ele vai dar conta de gerir o excedente nesse cenário de crise econômica, que tem impactado profundamente o setor automotivo, preservando os empregos e abrindo espaço para a discussão do futuro da planta”, afirmou o presidente do sindicato e trabalhador na Ford, Rafael Marques.
“As análises de mercado indicam que teremos uma recuperação muito lenta do setor se nenhuma medida de estímulo muito forte for feita pelo governo. A capacidade instalada é muito superior à demanda hoje e, por isso, a importância do acordo”, disse. “O sindicato vai continuar fazendo pressão com a direção da empresa. A Ford de São Bernardo é uma planta que mostrou muita capacidade, já reagiu a crises várias vezes. Precisamos continuar mostrando isso e buscando investimentos para a planta”, reforçou.
O acordo ocorre após os metalúrgicos ameaçarem a convocação de greves caso a montadora não renovasse sua adesão ao PPE e, consequentemente, anunciasse demissões em massa. O PPE permite que empresas com dificuldades financeiras reduzam as jornadas e os salários dos seus trabalhadores em até 30%, com metade da perda salarial compensada pelo governo federal, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). (O Estado de S. Paulo/André Ítalo Rocha)