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“Economia, custo-benefício, pós-venda e custo de manutenção” foram as principais palavras da Citroën durante a apresentação do C3 2017, equipado com o novo motor 1.2 PureTech 3-cilindros. Além de ressaltar a economia e o baixo custo de manter o compacto com o novo propulsor, a marca francesa também destacou a estratégia que visa melhorar o o serviço aos clientes e apagar de vez a imagem de pós-venda e caro e ineficiente.
O que é?
Primeiro modelo da Citroën a adotar um motor 3-cilindros no país, o C3 adere ao downsizing seguindo os passos do primo Peugeot 208. Importado da Europa e adaptado às condições locais, o motor flex tem 1,2 litro e 12 válvulas, entregando 84/90 cv de potência e 12,2/13 kgfm de torque, com gasolina e etanol, respectivamente. Os números representam perda de 3 cv e 1,2 kgfm de torque (com etanol) em relação ao antigo propulsor 1.5 8V flex, que ele substitui nas versões Origine, Attraction e Tendance.
Um dos responsáveis por inaugurar o segmento “compacto premium” na década passada, o C3 tenta se adaptar aos novos tempos e focar em um novo tipo de consumidor, mais racional. Antes vendido como um compacto refinado, a premissa agora é agregar baixos consumo e custo de manutenção em comparação aos rivais. Praticamente sem mudanças externas, o C3 ganhou neste ano itens como a central multimídia com tela sensível ao toque de 7″ e conectividade Mirror link, Apple Car Play, além do Link MyCitroën.
Como anda?
O novo motor mudou a personalidade do compacto. Aceleramos a novidade num test-drive de cerca de 60 km percorridos na rodovia Anchieta e região do Grande ABC, em São Paulo.
Com comportamento semelhante ao do 208, o motor 1.2 PureTech caiu bem no C3. Ao acelerar o compacto nota-se que as vibrações são bem contidas na faixa de 2.000 a 4.000 rpm. Abaixo disso vibra um pouco, mas é absolutamente normal para um motor 3-cilindros (por conta de sua sequência de trabalho).
A agilidade é suficiente para o trânsito urbano, podendo se dizer que o desempenho está próximo ao de carros com motor 1.4 8V, mas com a vantagem do consumo de “primeiro mundo”. No trajeto percorrido, 80% com velocidades entre 60 km/h e 90 km/h, a média ficou em bons 17 km/l com gasolina.
De acordo com os índices oficiais do Inmetro, as médias do 1.2 Puretech são de 14,8/10,6 km/l na cidade e 16,6/11,3 km/l na estrada (gasolina/etanol). No motor 1.5 os números são de 11,9/7,5 km/l no uso urbano e 14,7/9,3 km/l em rodovia, respectivamente.
Suficiente na cidade, o novo motor mostra ainda boas retomadas, graças ao torque máximo que apesar de ser menor em relação ao motor 1.5, está disponível em rotações menores: apenas 2.750 rpm. Também é silencioso na estrada e trafega entre 110 km/h e 120 km/h com baixo nível de ruído na cabine.
Mais voltada ao conforto do que o 208, a suspensão do C3 garante rodagem macia na medida certa, sem prejudicar o comportamento dinâmico. O câmbio recebeu novo trambulador, o que deixou as trocas um pouco mais precisas, embora ainda secas.
Quanto custa?
Um pouco mais em conta que o primo da Peugeot, que parte de R$ 48.990, o C3 2017 tem preço inicial de R$ 46.490 e traz de série ar-condicionado, direção elétrica, vidros dianteiros, espelhos e travas elétricas. A intermediária Attraction acrescenta rádio AM/FM, Bluetooth com entrada USB, rodas de liga leve, faróis de neblina, vidros elétricos com acionamento elétrico nas quatro portas e LEDs diurnos. No topo, o acabamento Tendance adiciona para-brisa Zenith, alarme e sensor de estacionamento traseiro (a nova central multimídia é opcional).
Contemporâneo e bem equipado, o C3 sempre esteve entre os mais vendidos do segmento. Atualmente emplaca uma média mensal de 1.100 unidades, número que a marca espera manter ao longo do ano. O novo motor traz uma pequena perda de desempenho em troca de mais economia (os dados oficiais apontam redução de 32% no consumo). Na prática, uma escolha bem racional em tempos de crise e combustível caro. (Carplace/Júlio César)