Latin NCAP endurece com as montadoras

Jornal do Carro

 

O Peugeot 208 nacional, que obteve quatro de cinco estrelas possíveis nos testes de colisão em 2014, perdeu duas delas na semana passada. E é possível que outros carros sigam pelo mesmo caminho.

 

No caso do hatch de origem francesa, o principal motivo é que a falta de reforços nas portas resultou em “fraca proteção da cabeça e do peito”, de acordo com comunicado divulgado pelo Programa de Avaliação de Carros Novos para a América Latina e o Caribe (Latin NCAP), que avaliou o risco de impacto lateral.

 

O órgão cita que o 208 vendido na Europa dispõe de reforços laterais, que foram removidos do carro produzido no Brasil. “O Latin NCAP está decepcionado com a estratégia da Peugeot, que vende um modelo fabricado localmente sem a proteção lateral, obrigatória desde 1995 na Europa”, divulgou, em comunicado, a presidente do órgão, María Fernanda Rodríguez. “Uma pena o que está fazendo a montadora”, lamentou.

 

Por e-mail, a Peugeot não contestou o resultado dos testes, mas reiterou que o modelo atende à regulamentação vigente no Brasil, e que “90% do mix (do 208) é composto por carros equipados com, no mínimo, quatro airbags”.

 

O hatch da Peugeot pode ter sido apenas o primeiro de vários automóveis que correm o risco de perder estrelas nos novos testes do Latin NCAP. Isso porque, a partir deste ano, o órgão adotou novo procedimento, que inclui colisão lateral, além da frontal.

 

Se não obtiver nenhuma estrela no teste de frente, o carro nem chegará a ser testado na batida de lado, como ocorreu com o Kia Picanto vendido na Colômbia, que não possui air bags frontais.

 

De acordo com o Latin NCAP, colisões laterais são a segunda maior causa de mortes e lesões graves na Europa. Segundo o órgão, ao contrário do que ocorre em batidas de frente, há pouco espaço para absorver a energia quando o choque é lateral. Como consequência, lesões sérias no tórax e cabeça são comuns nesses casos.

 

Para simular esse tipo de acidente, uma barreira deformável se desloca a 50 km/h sobre uma plataforma móvel e atinge o veículo de lado.

 

Estruturas mais sólidas e airbags laterais tendem a atenuar danos graves aos ocupantes, mas, de acordo com o engenheiro Jesse Paegle, diretor da SAE Brasil, se a estrutura for ruim, não há airbag que resolva. Ainda segundo Paegle, a estrutura deve ser estudada para dissipar a energia do choque.

 

Além do impacto lateral com barreira, a próxima etapa será o teste de colisão lateral contra poste. Os impactos não vão parar por aí. (Jornal do Carro)