O Mundo em Movimento
A empresa foi atingida em cheio pela crise. Fez plano de demissão voluntária, reduziu jornada de trabalho e salário, mas não teve jeito: passou a demitir para não quebrar.
Esse quadro é muito comum no Brasil atual, com a cristalização da crise econômica e política e com o desemprego em alta. O que não é comum é o empresário viver o mesmo drama: muitas vezes a situação da empresa é desastrosa, mas as finanças pessoais dos sócios não são atingidas. A máxima “empresa pobre, empresário rico” é uma realidade nesses tempos de crise.
Prudentemente, o rico evita ostentar nesse momento; o empresário prefere não alardear as aquisições materiais e esse comportamento está afetando o mercado de carros de super luxo. O segmento de luxo, onde estão marcas como Audi, Mercedes-Benz, BMW, Volvo, vai muito bem, com vendas em alta, mas as vendas de carros de mais de meio milhão de reais estão sofrendo as consequências da crise, não exatamente a crise financeira, mas a crise de consciência, ou simplesmente o medo de chegar na fábrica a bordo de um Lamborghini Aventador de R$ 3 milhões ou uma Ferrari 458 por R$ 2 milhões e ter que encarar os olhares dos demitidos na fila do departamento de recursos humanos.
“Obviamente a crise não atingiu os milionários, mas eles estão, digamos, recolhidos, porque o sujeito não pode aparecer com um carro super luxuoso zero quilômetro enquanto está fazendo demissões”, disse um consultor do mercado de luxo.
“Tem muito potencial comprador envolvido na Lava Jato e portanto fora de circulação”, completou o consultor.
As vendas dos super luxuosos e dos superesportivo, na faixa do milhão de reais para cima, caíram exatamente pela metade no ano passado em relação a 2014 (de 146 para 73) e neste ano estão ainda mais baixas. Com exceção das marcas com maior volume de vendas no subsegmento, como Jaguar, Porsche e Lexus, as outras tiveram redução drásticas de vendas. Em 2014, o total de venda das marcas Maserati, Ferrrari, Rolls-Royce, Bentley, Infiniti, Lamborghini e Aston Martin foi de 146 unidades, ou 12 mensais. Em 21015 foram vendidas apenas 73 carros (seis por mês) e no primeiro trimestre deste ano apenas 13, ou quatro carros por mês. (O Mundo em Movimento/Joel Leite)