O Estado de S. Paulo
Em pesquisa recémconcluída pela Officina Sophia Retail sobre o que as pessoas gostariam de comprar, mas estão adiando para os próximos seis meses, 41% responderam que os automóveis estão no topo da lista.
Foram entrevistadas mil pessoas com mais de 18 anos, pela internet, e as respostas eram espontâneas. Na sequência dos itens mais citados aparecem celular (31%), roupas e calçados (30%) e TV (27%).
“Há uma demanda reprimida por diversos produtos, dos mais caros aos de menor valor”, diz Valéria Rodrigues, sócia da Officina Sophia Retail.
Quando questionados sobre o que efetivamente acreditam que poderão comprar, 24% responderam automóveis, 18% roupas e calçados, 16% celulares e 12% aparelhos de TV. A pesquisa foi feita em maio.
Vendas fracas
Após os resultados ruins nos primeiros cinco meses do ano, as montadoras revisaram as projeções feitas em janeiro e preveem um 2016 pior que o esperado. As vendas ficarão na casa de 2 milhões de unidades, as mais baixas em uma década. A queda prevista passou de 7,5% para 19% em relação a 2015. A produção deve cair 5,5%, para 2,3 milhões de veículos, voltando aos níveis de 12 anos atrás. Antes, o setor calculava quase empate com o ano passado.
O dado de produção só não será pior porque as exportações estão ganhando fôlego. A previsão de aumento de 8% feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) foi revista para 21,5%, o que deve somar cerca de meio milhão de unidades, melhor resultado desde 2013.
“O esforço das empresas e os novos acordos comerciais feitos pelo governo estão surtindo efeito e as exportações mostram um viés positivo”, avalia o presidente da Anfavea, Antonio Megale. Neste ano, até maio, as vendas externas cresceram 21,8% em relação ao mesmo período de 2015. Já a produção e as vendas caíram 24,3% e 26,6%, respectivamente.
Os novos números estão mais em linha com as previsões que já vinham sendo feitas por consultorias e até montadoras. A revisão demorou a ser feita pela Anfavea, avaliam analistas.
Megale acredita que apenas no fim do ano começará a ocorrer uma recuperação do mercado interno, que deve ser mais expressiva a partir de 2017. “Os primeiros sinais do novo governo são de um pouco mais de previsibilidade”, diz o executivo, que elogia medidas anunciadas até agora pela equipe econômica. “O que o setor precisa é de estabilidade e de confiança.” Ele também afirma que não é momento de pedir qualquer incentivo governamental.
Outro dado destacado por Megale para a retomada do mercado é que a venda média diária está estável desde o início do ano, em cerca de 8 mil unidades ou seja, parou de cair. Os estoques caíram de 45 para 42 dias de vendas, mas ainda muito são elevados, segundo o executivo. Montadoras e revendas têm 236,4 mil veículos nos pátios. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)