Acordo comercial entre Mercosul e UE vai avançar, diz ministra argentina

Folha de S. Paulo

 

Apesar das dificuldades em implementar um tratado de livre­comércio entre Mercosul e União Europeia, a ministra de Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, disse estar convencida de que as negociações vão progredir.

 

“Não estou pintando um panorama rosa, mas estou convencida de que vamos avançar”, afirmou em entrevista coletiva ontem, em Buenos Aires.

 

A chanceler se referia à resistência dos países europeus, principalmente da França, em abrir o mercado agrícola. Em março, nove países do bloco (Áustria, Grécia, Irlanda, Polônia, Romênia, Luxemburgo, Lituânia, França e Hungria) enviaram um documento ao Conselho Europeu (que reúne os líderes dos países­membros do bloco) em que afirmavam que “qualquer troca de ofertas não deve incluir tarifas de produtos sensíveis”.

 

Os países consideram como produtos sensíveis carnes, vegetais e frutas.

 

“O assunto, especialmente na França, é muito delicado. Historicamente, a Europa teve um esquema muito forte de subsídios ao produtor e uma política que tem como lógica manter a população estabelecida no campo da melhor forma possível”, disse Malcorra.

 

As mercadorias agrícolas são as mais importantes para o Brasil no acordo, já que são essas as que o país mais exporta.

 

Para a ministra argentina, não será possível que todos os setores econômicos de cada país lucrem com o tratado: “A soma dos mercados é que precisa beneficiar as duas partes”.

 

As negociações entre a UE e o Mercosul tiveram início em 1999. Após uma troca de oferta malsucedida em 2004, as negociações foram interrompidas por seis anos.

 

Desde a retomada das conversas, em 2010, nove rodadas de negociação foram realizadas com vistas a uma nova troca de ofertas. Países com dificuldades econômicas, como Brasil, Argentina e Uruguai, veem na iniciativa a chance de aumentar a demanda por seus produtos no exterior, uma vez que seus mercados domésticos estão deprimidos.

 

A oferta de cada bloco significa, em tese, o que cada um tem a oferecer em termos de tarifa zerada numa relação comercial entre eles. É a principal etapa para que um acordo seja selado. (Folha de S. Paulo/Luciana Dyniewicz)