Marcas de luxo crescem mesmo com crise

Jornal do Carro

 

O ano de 2016 marca uma nova fase das fabricantes de carros de luxo no Brasil. A Mercedes-Benz inaugurou no mês passado sua fábrica em Iracemápolis, no interior, e a Land Rover está prestes a iniciar a produção de dois veículos no País – em Itatiaia (RJ). As duas empresas se unem, à BMW, que fabrica carros em Araquari (SC) desde 2014, e à Audi, que retomou no fim do ano passado as atividades em São José dos Pinhais (PR). Assim, as quatro principais montadoras de veículos “premium” passam a ter produtos nacionalizados.

 

O contexto, porém, é bem diferente do projetado por elas quando decidiram retomar ou iniciar a fabricação de carros localmente, no início da década – e antes da implementação do regime automotivo Inovar-Auto, segundo uma fonte ligada à Jaguar Land Rover. Embora as três marcas alemãs tenham registrado crescimento nas vendas em 2015, com altas de até 40% na comparação com 2014 (a líder Audi aproximou-se de 20 mil unidades), neste ano os emplacamentos estão em queda.

 

A BMW, por exemplo, vendeu 2.185 carros no País de janeiro a março deste ano. No mesmo período de 2015, os emplacamentos totalizaram 3.491 exemplares.

 

O principal motivo é o agravamento da crise político-econômica brasileira, que neste primeiro semestre atingiu seu ápice. Além disso, a alta do dólar, que não foi repassada ao preço final dos carros no ano passado, finalmente se fez sentir. Todas as marcas de carros de luxo promoveram altas em seus preços no início de 2016.

 

Até os já produzidos localmente ficaram mais caros, já que eles têm índice de nacionalização muito baixo – a maioria das peças vem da Europa. Neste contexto, a Audi conseguiu se destacar, aplicando um reajuste mais ameno no sedã A3 feito no Paraná.

 

Isso porque, entre os luxuosos nacionalizados, ele é o que tem mais peças nacionais, incluindo o motor e o câmbio – diferentes dos usados pela versão europeia vendida até então no País. Assim, o carro conseguiu, na soma dos três primeiros meses de 2016, assumir a liderança do segmento de luxo.

 

Outros que estão se destacando são os utilitários Audi Q3 e Land Rover Discovery Sport, segundo e terceiro colocados, respectivamente. Esse segmento, destaque no mercado brasileiro, também está em alta no nicho de modelos luxuosos.

 

Mesmo com vendas em queda e as perspectivas dos executivos de que a retomada no aquecimento das vendas ocorra apenas no fim da década, as montadoras de luxo investiram pesado no Brasil nos últimos anos, pois esse segmento estava em amplo crescimento. Junto com o aumento dos emplacamentos no País, a preparação para a nacionalização levou também a uma expansão na rede de concessionárias.

 

O resultado desse cenário é que a oferta de carros de segmentos de luxo foi ampliada. Nesse contexto, o Jornal do Carro preparou um especial com a lista dos principais modelos “premium” disponíveis no País.

 

São oito segmentos

 

Em cada um, estão os três modelos mais vendidos, com dados como preço e potência do motor. Foram consideradas apenas marcas que atuam exclusivamente na produção de carros de luxo.

 

A exceção fica por conta da categoria de hatches compactos, que inclui um modelo da Mini e um da Citroën. Isso porque, entre as especialistas, só a Audi produz um automóvel desse segmento, o A1.

 

Venda externa

 

Por ora, as fábricas de marcas de luxo devem abastecer só o País. A BMW, porém, anunciou na semana passada que, em julho, começará a exportar o X1 feito em Araquari. A fim de ampliar seu volume de produção, a marca o enviará aos EUA. A projeção inicial é embarcar 10 mil exemplares do utilitário. (Jornal do Carro/Rafaela Borges)