Parceria comercial fomenta entrada de chineses no Brasil

DCI

 

O fato de a China ser o maior parceiro comercial na compra de produtos agropecuários brasileiros foi fundamental para que o grupo chinês de máquinas pesadas XCMG investisse US$ 250 milhões no País, em meio a uma recessão econômica. O recurso será usado na construção de uma fábrica em Pouso Alegre, no Estado de Minas Gerais.

 

“Ao mesmo tempo que estamos comercializando nossos produtos, fazemos a ponte entre os dois governos para fomentar novos investimentos no País”, disse a jornalistas o presidente da companhia no Brasil, Cui Jisheng, durante o lançamento das operações e primeira participação na Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), ontem, em Ribeirão Preto (SP).

 

A ideia é que a sucursal brasileira assuma a posição de segunda matriz, atrás apenas da fábrica no país natal da empresa. Estrategicamente, o aporte também significa um acesso para expansão nas vendas de máquinas para toda a América Latina.

 

Aliados

 

Desde 2004, a XCMG vende seus equipamentos de construção, florestais e agrícolas para o consumidor do Brasil por meio de importações. No ano passado, o faturamento atingiu R$ 200 milhões, um crescimento de 10% em relação a 2014, volume cuja meta é replicar em 2016. O montante é considerado positivo, diante de um mercado que viu quedas de até 50% em vendas no último ano.

 

Jisheng reconhece que o País passa por um momento delicado para investimentos, porém, o grupo parte do pressuposto que os recursos naturais – como clima tropical e solo fértil – favorecem o desem- penho dos segmentos agrícola e florestal. Este foi mais um ponto que pesou na decisão de desembarcar por aqui.

 

De acordo com o Ministério da Agricultura, em março deste ano, o país asiático comprou US$ 2,8 bilhões – alta de 25,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A soja em grão foi o produto mais embarcado e rendeu US$ 2,3 bilhões. As carnes chegaram ao valor recorde de cerca de US$ 152 milhões. Deste total, US$ 12 milhões foram de proteína suína; US$ 62 milhões, bovina e US$ 78 milhões, de frango. “Esse recesso do Brasil é temporário. A China precisa dos grãos, carnes e alimentos em geral que vêm daqui. Isso favorece as relações entre os dois países e, com isso, acreditamos que vamos conseguir vencer neste mercado”, explica. Além da Ásia, Europa e Oriente Médio o grupo já contava com fábricas em regiões estratégicas, faltava apenas uma que desse acesso para a América Latina. Através de Pouso Alegre (MG), todo equipamento será fabricado no Brasil.

 

Em relação ao suporte financeiro ao produtor, o presidente afirma que há parceria com o BNDES, por meio do Financiamento de máquinas e equipamentos (Finame), no âmbito público. Entre as instituições privadas, a companhia conta com o auxílio do Bradesco no crédito rural e ainda existe a possibilidade de financiar com o banco de fábrica.

 

Jisheng adiantou que, em junho, uma comitiva de secretários e governadores será levada até a China por intermédio da empresa, para fortalecimento das relações comerciais entre os dois países e fomento de novos investimentos.

 

Ontem, foi dada a largada na 23ª edição da Agrishow. Durante a abertura, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, admitiu que há uma preocupação do setor sobre as condições do próximo Plano Safra, que deve ser anunciado até junho, em função das incertezas sobre o governo federal. Neste contexto, o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Francisco Matturro, sugeriu os produtores aproveitem as atuais condições de juros, que estão na média de 7,5%, para renovarem seus parques de máquinas.

 

Presente na solenidade de abertura, o governador do estado, Geraldo Alckmin, destacou que a importância do setor agropecuário e enfatizou que está na hora de “virar a página” em relação ao sistema político federal vigente. /A repórter viajou à convite da organização da Agrishow. (DCI/Nayara Figueiredo)