O Estado de S. Paulo
Depois de um longo período de indefinição na área do comércio externo, o governo anunciou, na semana passada, um grande reforço das linhas de financiamento do BNDES destinadas a empresas que produzem para exportação. O total colocado à disposição dessas empresas deve mais que triplicar, passando de R$ 4 bilhões para R$ 15 bilhões, prevendose diminuição dos juros de até 4 pontos porcentuais, a depender do produto. Além disso, foram prometidas mudanças no Exim PréEmbarque, para lhe dar mais flexibilidade.
Depois de tantos abusos cometidos pelo governo Dilma Rousseff com o crédito subsidiado, críticas podem ser feitas à nova linha do BNDES. Neste caso, porém, há fatores importantes a considerar. As vendas externas de produtos manufaturados estão estagnadas e uma das razões para isso é a escassez de crédito. Muitas indústrias desse segmento se queixam de que têm mercado potencial para seus produtos, mas não dispõem de recursos para adquirir insumos.
A expansão do crédito préembarque pode ajudar a sanar essa deficiência, sendo oportuno lembrar que o mercado de câmbio se tem mostrado muito volátil, exigindo intervenções seguidas do Banco Central para sustentar as cotações em torno de R$ 3,50, de forma a evitar queda na receita dos exportadores.
Contudo, apesar das incertezas, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, disse acreditar que as linhas do BNDES para a exportação serão efetivamente demandadas, o que pode contribuir para a reativação de alguns setores industriais.
No mesmo pacote, o governo determinou um acréscimo de R$ 300 milhões ao Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), que passará a contar com um orçamento total de R$ 4,04 bilhões. O setor agrícola vai bem, constituindo uma exceção na fase crítica que atravessa a economia. O aumento das dotações para investimento no campo pode contribuir para elevar os índices de produtividade.
Isso pode ter impacto também sobre a produção da indústria automotiva. Segundo informa a Anfavea, as vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias vêm apresentando certa melhora nas últimas semanas, mas continuam fracas, razão pela qual a produção caiu de 15,4 mil unidades no primeiro trimestre de 2015 para 7,3 mil em igual período deste ano, um recuo de 52,2%. (O Estado de S. Paulo)