Leasing para carros é aposta de risco de montadoras nos EUA

New York Times

 

Quando a indústria automobilística dos EUA entrou em colapso durante a recessão, as montadoras recuaram de suas operações agressivas de leasing e outros incentivos financeiros usados para elevar artificialmente suas vendas ao longo dos anos.

 

Mas, agora, sob pressão para manter os números recordes de 2015, as montadoras voltam às mesmas táticas que as colocaram em dificuldade, uma década atrás.

 

Os financiamentos envolvem prazos cada vez maiores. Ao mesmo tempo, as montadoras elevaram a níveis recorde suas operações de leasing. Em março, o arrendamento mercantil respondeu por 31,3% de todas as transações envolvendo carros zero.

 

Mas as montadoras talvez terminem tendo de pagar caro. As que dependem demais de leasing acabam recebendo os veículos arrendados de volta em três ou quatro anos e precisam então vendê­los como usados – muitas vezes com pesados descontos.

 

“Já vi esse filme; o fim não é bonito”, disse Mike Jackson, presidente­executivo da AutoNation, cadeia de 373 concessionárias.

 

Se número excessivo de veículos for comerciado via leasing, ou se as condições econômicas piorarem, o valor dos usados poderá cair e causar grandes prejuízos às companhias. Foi o que aconteceu em 2008, quando o mercado entrou em colapso e as montadoras e as concessionárias tiveram de enfrentar um grande excedente de veículos retornados de leasing.

 

Alguns analistas estão preocupados. As concessionárias têm hoje 3,8 milhões de carros zero em estoque, o maior número em dez anos, de acordo com a WardsAuto.

 

Além disso, a Experian registra que 1,8 milhão de automóveis, seminovos e retornados de leasing, devem entrar no mercado de usados neste ano, oferecendo alternativas de custo mais baixo que os carros zero.

 

Atrativos

 

Clientes gostam do leasing porque permite prestações menores do que as de um financiamento. Montadoras e concessionárias gostam porque lhes dá mais flexibilidade para estruturar transações que permitem que o cliente adquira carros mais caros. Considere o leasing assinado por Allen Lin, professor em Altadena, Califórnia.

 

Algumas semanas atrás, ele foi a uma concessionária Lexus e saiu de lá duas horas mais tarde dirigindo um RX 350 2016, arrendado por três anos ao custo de US$ 408 (R$ 1.450) por mês.

 

Lin não precisou pagar entrada, não colocou seu carro usado como parte do negócio e ainda conseguiu um desconto de US$ 5.000 (R$ 17.800) ante o preço de tabela de US$ 43.779 (R$ 155 mil). “Se você consegue um negócio como esse, é muito bom”, disse Lin, 35. (New York Times)