Indústria retrocede a dezembro de 2008

O Estado de S. Paulo

 

O leve respiro da produção industrial em janeiro, quando cresceu 0,4%, foi abafado pelos resultados de fevereiro. Os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam queda de 2,5% da produção industrial em fevereiro em relação a janeiro e de 9,8% em relação a fevereiro de 2015. No primeiro bimestre, o setor acusa uma queda de 11,8% em comparação a igual período do ano passado, taxa superior às projeções mais pessimistas e a pior da série histórica iniciada m 2002. Praticamente, a produção da indústria retorna ao nível em que se encontrava em dezembro de 2008.

 

Nenhum setor se tem ressentido tanto da estagnação do mercado interno quanto a indústria de transformação, com a queda dos investimentos públicos e privados, aliada à falta de encomendas do comércio, decorrente da fraquíssima demanda por parte do consumidor. Tem havido um esforço exportador por alguns segmentos, mas estes, pelo menos até agora, não chegam a compensar o desaquecimento das vendas no mercado doméstico.

 

A indústria automotiva é um bom exemplo. Como nota o IBGE, a principal influência negativa nos resultados da indústria em fevereiro foi o recuo de 9,7% em relação a janeiro da produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, que vinha de três meses de resultados positivos em sequência.

 

Verifica­se, porém, que a exportação de veículos vem apresentando bons resultados. No primeiro bimestre deste ano, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as vendas externas de automóveis de passageiros atingiram US$ 620,23 milhões, um aumento de 79,13% em comparação com os primeiros dois meses de 2015 (US$ 326,24 milhões). De outro lado, a importação de automóveis, que já foi um dos principais itens da pauta, caiu 58,24% no primeiro bimestre de 2016, não passando de US$ 316,41 milhões – outra evidência do grau de retração da demanda interna.

 

Houve uma alta ínfima de 0,3% da produção de bens de capital em fevereiro em comparação com janeiro, já com ajustes sazonais. Em relação a fevereiro de 2015, no entanto, a produção de bens de capital retrocedeu 25,8%, enquanto a de bens intermediários diminuiu 8,5% e a de bens duráveis de consumo teve baixa de 29,3%.

 

Não há expectativa de que o quadro se altere a curto e médio prazos. Para alguns seria até otimista prever que a produção industrial pare de cair. (O Estado de S. Paulo)