Montadoras de veículos do Brasil preparam terreno para negociação com Irã

Reuters

 

As fabricantes de veículos instaladas no Brasil estão cortejando o Irã na expectativa de obterem um acordo comercial que envolva a exportação de milhares de veículos ao país do Oriente Médio, e uma reunião com representantes iranianos no Brasil está agendada para este mês.

 

O Irã está pretendendo comprar 140 mil carros, 35 mil caminhões e 17 mil ônibus e essa encomenda interessa às montadoras brasileiras, disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, a jornalistas.

 

Uma comitiva iraniana vem ao Brasil nas próximas duas semanas para conversar com os representantes das montadoras e detalhar as especificações dos produtos que têm interesse em comprar, disse Moan.

 

A encomenda do Irã é importante para o setor, que vive ociosidade acima de 50%. O pedido do Irã é praticamente equivalente ao volume total de veículos produzidos no país em março, de 195,3 mil unidades, no pior desempenho para o mês desde 2004.

 

“Na América Latina, eles (negociadores iranianos) procuraram apenas o Brasil para a encomenda”, disse Moan a jornalistas. “Mas há excesso de capacidade produtiva no mundo. Nesta concorrência do Irã é óbvio que o mundo inteiro está querendo participar para reduzir sua capacidade ociosa”, afirmou o executivo.

 

“O Brasil tem capacidade de ser fornecedor de 100% da encomenda”, acrescentou.

 

As exportações de veículos montados no Brasil saltaram 24% no primeiro trimestre, para 98.877 unidades, aproveitando o câmbio mais favorável. A expectativa da Anfavea para este ano é de alta de 8,1% sobre o volume exportado de 2015, para 451 mil unidades.

 

As vendas de veículos no Irã atingiram um pico de cerca de 1,6 milhão de unidades em 2011, antes de despencarem nos anos seguintes por conta das sanções econômicas impostas contra o país e que foram revistas no ano passado. Em março deste ano, o chefe de Estado do Irã, Mohammad Nahavandian, afirmou que o país planeja elevar sua produção de veículos para 3 milhões de unidades por ano. (Reuters)