GM faz novo investimento em carro autônomo

The Wall Street Journal

 

A General Motors Co. pisou no acelerador na sua meta de vender carros que se autodirigem, anunciando, na sexta-feira, a compra da Cruise Automation Inc., uma firma de San Francisco que desenvolveu um sistema para equipar veículos existentes com software de direção autônoma.

 

A aquisição feita pela montadora americana é mais uma iniciativa para transferir aos computadores uma parte maior das funções de direção. Um número crescente de carros está sendo vendido com recursos de direção semiautônoma, como frenagem automática ou assistência para manter o veículo na faixa, mas a introdução de automóveis capazes de operar sem intervenção humana ainda enfrenta obstáculos regulatórios e tecnológicos.

 

Os termos do negócio entre a GM e a Cruise não foram revelados. Pessoas a par do assunto dizem que o valor em dinheiro e ações passou de US$ 1 bilhão.

 

Ao assumir a operação da Cruise, a GM absorve um time de engenheiros que vem desenvolvendo um sofisticado software para veículos autônomos com relativamente pouco dinheiro e num ambiente muito mais ágil e informal que os amplos centros de engenharia de Detroit.

 

A montadora americana gasta bilhões de dólares por ano em pesquisa e desenvolvimento e vem trabalhando com direção autônoma há décadas. A Cruise, fundada em 2013 por um empreendedor de 20 e poucos anos com o apoio de investidores de capital de risco, levantou US$ 20 milhões e foi recentemente avaliada em menos de US$ 100 milhões.

 

A expectativa é que o negócio seja concluído até junho, mas a Cruise já começou a divulgá­lo em seu site, convidando potenciais candidatos a vagas de emprego a “se juntarem à revolução da direção autônoma”. A revista “Fortune” foi a primeira a divulgar o valor do negócio.

 

Detroit está correndo para acompanhar o Vale do Silício, que tem feito grandes avanços em sua incursão pelo setor automobilística, na esteira do sucesso inicial da Tesla Motors Inc., Uber Technologies Inc. e outras “startups” vistas como transformadoras do setor. A Alphabet Inc., com o projeto Google X, e a Apple Inc. estão ambas desenvolvendo carros que podem acabar sendo uma ameaça às montadoras estabelecidas.

 

Na sexta­feira, a Ford Motor Co. informou que criou uma nova subsidiária que se concentrará no desenvolvimento de carros autônomos e outros projetos, copiando uma iniciativa anunciada pela GM em janeiro. Na quarta­feira passada, a Toyota Motor Corp. revelou que está contratando toda a equipe da Jaybridge Robotics Inc., uma firma sediada em Cambridge, no Estado americano de Massachusetts, que fornece tecnologia para tratores e equipamentos de mineração autônomos. A Audi AG, Delphi Automotive PLC, Inrix Inc. e Continental AG estão entre as empresas que recentemente divulgaram investimentos em pequenas startups para acompanhar o desenvolvimento da pesquisa referente a veículos autônomos e outras tecnologias que podem redefinir a indústria automobilística.

 

Esse grande número de parcerias, porém, pode não resolver o quebra­cabeça regulatório que complica os esforços para a adoção de carros autônomos. Especialistas e autoridades do setor creem que esses carros serão muito mais seguros que os dirigidos pelas pessoa, mas os grandes obstáculos de engenharia a vencer ainda geram incertezas.

 

Um relatório divulgado na sexta­feira por reguladores dos Estados Unidos destaca potenciais conflitos entre regras federais existentes e veículos automatizados como os que vêm sendo desenvolvidos pelo Google, que aboliram certos itens de controle do veículo, como volantes ou pedais. Na esperança de reduzir a burocracia, autoridades americanas disseram que seu foco imediato será orientar cada Estado individu­almente sobre os veículos sem motoristas, em vez de empreender um longo processo para estabelecer padrões federais que podem se tornar obsoletos pelos avanços tecnológicos.

 

A GM tem adotado uma série de iniciativas para se preparar para a transição. Seu portfólio de veículos com funções semiautomáticas tem crescido e espera­se que, no próximo ano, ela lance uma versão mais avançada do Super Cruise, um sistema que permite dirigir em rodovias sem usar as mãos.

 

Em janeiro, a GM anunciou um investimento de US$ 500 milhões na startup de serviços de carona paga Lyft Inc., afirmando que a parceria irá ajudar a estabelecer uma rede de carros autônomos.

 

A iniciativa se soma a outras chamadas de empreendimentos de mobilidade, incluindo a criação de um serviço de compartilhamento de veículos, o Maven, que está sendo testado dentro da empresa, e a aquisição de ativos que pertencem à Sidecar Technologies Inc., uma antiga rival menor do Uber.

 

Em entrevista ao The Wall Street Journal, o diretor­superintendente mundial da GM, Dan Ammann, disse que a compra da Cruise oferece uma base para um desenvolvimento mais rápido e que a firma irá contratar novos profissionais para expandir a equipe. “Achamos que essa capacidade é essencial para onde queremos estar no futuro,” disse ele.

 

Para o fundador da Cruise, Kyle Vogt, unir­se à experiência de manufatura e aos recursos da GM deve permitir que os engenheiros da empresa alcancem suas metas mais rapidamente. Cerca de 40 funcionários da Cruise vão se juntar à GM, mas ele não quis dizer se ele mesmo fez um acordo para ficar e por quanto tempo. (The Wall Street Journal/Gautham Nagesh, Mike Ramsey e Christina Rogers e Mike Spector.)