Novo Gol chama líder Onix para a briga

Jornal do Carro

 

Por 27 anos consecutivos (de 1987 a 2013), o Volkswagen Gol foi o carro zero-km mais vendido do Brasil. Mas os tempos mudaram e, após uma breve subida ao topo do pódio do Fiat Palio, em 2014, o Chevrolet Onix assumiu a posição no ano passado e se mantém lá: nos primeiros dois meses deste ano, continua firme na dianteira. Neste comparativo, o antigo dono do pedaço – reestilizado e com motor novo – enfrenta o atual número um. O duelo foi parelho, mas o menor preço e a mecânica superior garantiram a vitória ao veterano da VW.

 

Gol e Onix duelam em suas versões mais vendidas, com motor 1.0. A Trendline (que representa cerca de 40% das vendas do VW), parte de R$ 34.890, preço que vai a R$ 37.690 com ar-condicionado. O Onix LT (60% da linha) sai a R$ 43.250, com ar. Assim, o hatch da Volks sai na frente.

 

E mantém a dianteira no quesito mecânica: com o motor de três cilindros de Up! e Fox, o Gol ficou bem melhor. Com quatro válvulas por cilindro e comando duplo variável, gera 82 cv e 10,4 mkgf. O do Onix, com duas válvulas por cilindro e comando simples, entrega 80 cv e 9,8 mkgf – os dados são sempre com etanol.

 

Apesar de os números frios sugerirem certa semelhança, na prática o comportamento desses carros é bem diferente. No Gol, <IP9,0,0>basta uma leve pressão no acelerador para se obter respostas muito convincentes.

 

Já o Onix só satisfaz em rotações mais elevadas. Em subidas de serra, por exemplo, é preciso manter o motor acima de 4.000 rpm – caso contrário a velocidade cai muito.

 

No consumo o Gol também melhorou. Em relação ao 1.0 de quatro cilindros, a montadora informa que o novo está 10% mais econômico. Em relação ao câmbio, o do Gol ainda é referência. A caixa mantém os engates macios e precisos. A do Onix agrada menos que a do rival.

 

Em termos de visual, as posições se invertem. A reestilização (frente, traseira e painel) não foi suficiente para renovar tanto assim o Volkswagen. O Chevrolet ainda consegue ser mais atraente, especialmente quando visto de lado e de traseira. O Onix também é mais confortável para quem viaja atrás.

 

Com MyLink, Onix já nasceu “conectado”. Desde que foi lançado, em 2012, um dos principais motes do Onix – e talvez a razão de seu sucesso – é a conectividade. O modelo foi o primeiro Chevrolet a oferecer o sistema multimídia MyLink.

 

O maior mérito do sistema é que ele nasceu democrático. Mesmo o Onix mais barato pode receber como opcional a tela de 7” sensível ao toque, com conexão Bluetooth, sistema de som e comandos no volante. A tela pode até exibir fotos. No caso do Onix 1.0 LT, o MyLink custa R$ 2 mil.

 

O Gol está correndo atrás do prejuízo. Só agora ele vem equipado com o App-connect, que o Fox ganhou no ano passado. O sistema está disponível em quatro níveis (Media, Media Plus, Composition Touch e Discover Media). O que muda é a capacidade de conectividade e o tamanho da tela.

 

Para o Gol Trendline, opcionalmente estão disponíveis o Media (R$ 835) e o Composition Touch (R$ 1.755). A primeira opção tem Bluetooth, USB e cartão SD. Já o mais caro acrescenta tela maior (5”) e espelhamento de celulares com sistema Android (MirrorLink).

 

Ao volante

 

Nenhum dos dois tem posição de dirigir muito boa. O Gol ainda mantém o ajuste de altura que altera mais a inclinação do assento do que a elevação. No Onix, o comando, giratório, não é muito prático. Pior que isso são os puxadores das portas, que no Chevrolet são muito recuados e rebaixados. Os botões dos vidros elétricos também são mal posicionados.

 

Em 2012, o Onix balançou a ordem estabelecida, ao chegar com estilo agressivo e kit multimídia desde a versão básica. Não precisou de três anos para alcançar a liderança – o que ocorreu no ano passado. E olhe que nesse segmento há concorrentes como o Hyundai HB20.

 

A Volks demorou para reagir, mas está com um carro que ainda se mostra competitivo – embora não tenha mais força para retornar à liderança. Com o novo conjunto motor-câmbio, ele volta a ser a referência da categoria. A questão é que o visual externo mudou pouco. Quem não conhece o Gol a fundo vai precisar comparar o novo e o antigo para constatar as mudanças. A empresa tanto sabe disso que lançou o hatch sem elevar o preço. Logo, logo, saberemos se a estratégia é boa. (Jornal do Carro)