Seguro de veículos no Grande ABC sobe 10% em um ano

O Diário do Grande ABC

 

O preço do seguro de veículos no Grande ABC teve aumento médio de 10% neste mês na comparação com fevereiro do ano passado. Apesar de os reajustes serem inferiores à inflação do período (a previsão, segundo o Relatório Focus, do Banco Central, é de 10,28%), as elevações ocorrem depois de a região ter fechado 2015 com queda nos índices de roubo e furto de automóveis.

 

Segundo a SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública), os roubos de veículos recuaram 19,42% no Grande ABC no ano passado, na comparação com 2014, enquanto as ocorrências de furto caíram 20,44%. Ainda, em maio de 2015 entrou em vigor a Lei do Desmanche em território nacional – que já estava em funcionamento no Estado desde o ano anterior. A legislação regulamenta a atividade do desmonte e a reciclagem de veículos, e tem o objetivo de coibir a comercialização de peças retiradas de carros que foram produtos de ações criminosas.

 

Para Arnaldo Odlevati Júnior, coordenador da comissão de Oportunidade de Negócios do Sincor­SP (Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo) e dono da Odlevati Corretora de Seguros, de Santo André, a alta está ligada à inflação elevada e à taxa de câmbio atual, com o dólar na casa dos R$ 4. “O aumento dos custos das peças de reposição para veículos e da mão de obra provoca essa correção. Como a nossa economia é indexada, esses fatores influenciam os valores das apólices”, explica.

 

Com o encarecimento das peças, os sinistros – mesmo de pequena monta – geram mais gastos às seguradoras, que repassam esse custo ao consumidor. “Por esse motivo, as franquias estão mais altas. Há alguns anos, ficavam entre R$ 1.000 e R$ 1.500. Hoje passam de R$ 2.500”, acrescenta o corretor Adriano Klerer, da Barra Brava, também de Santo André. Para ele, os aumentos médios ficaram na casa de 5%.

 

Mesmo assim, as apólices de alguns modelos específicos tiveram altas nominais de quase 35%. O Diário fez cotações dos preços do seguro de um Renault Sandero 2010 de propriedade de uma mulher de 37 anos e simulou oito endereços. Na média do Grande ABC, o aumento foi de 34,94%, o que representa elevação real (descontando a inflação do período) de 22,36%. Na Capital, as variações foram superiores. Entretanto, os valores cobrados aos paulistanos são inferiores aos da região.

 

Odlevati Júnior informa que as empresas traçam um perfil de cada veículo. Se determinado modelo tem mais registros de sinistralidade – sejam crimes ou acidentes –, os preços são elevados.

 

Seguro popular

 

A Susep (Superintendência de Seguros Privados) estuda a criação do chamado seguro popular de automóvel. A proposta é que o modelo seja destinado a carros com mais de cinco anos de uso e permite às seguradoras que utilizem no conserto de veículos danificados peças usadas oriundas de desmontagem, desde que regularizadas. Pela regra atual, só é permitido utilizar peças novas. A expectativa do setor é que o lançamento ocorra no segundo semestre e provoque a redução dos preços das apólices.

 

Demanda por cobertura diminui 30%

 

Puxada pela queda na renda da população, a demanda por novos seguros automotivos no Grande ABC teve queda de aproximadamente 30% desde o fim de 2014. A estimativa é do corretor Arnaldo Odlevati Júnior, coordenador da comissão de Oportunidade de Negócios do Sincor­SP. As renovações, entretanto, se mantiveram no mesmo patamar.

 

“Os cancelamentos praticamente dobraram nesse período. Com a crise, se a pessoa perde o emprego, vende o carro e cancela o seguro”, exemplifica. Ele descarta, entretanto, que esses números estejam ligados ao aumento nos preços das apólices. “Nosso País não tem a cultura do seguro”.

 

Uma das alternativas escolhidas por quem está com o orçamento comprometido é a contratação de serviços com cobertura reduzida. Alguns deles só pagam a indenização em caso de roubo e furto, não atendendo, portanto, a situações como colisões, incêndios e enchentes. “Mas tem um porém: nesse tipo de serviço, o cliente só será indenizado se o veículo não for localizado. Se for achado, com 70% de danos, ele vai ficar com todo o prejuízo para recuperá­lo”, comenta. (O Diário do Grande ABC/Fábio Munhoz)