Scania deve exportar 70% da produção no ano

DCI

 

Com plataforma global e um sistema que opera sem estoques, a Scania quer elevar as exportações a partir da unidade de São Bernardo do Campo (SP). Em entrevista ao DCI, a montadora revela que as vendas ao exterior devem atingir 70% da produção neste ano.

 

“Nosso sistema global é o grande diferencial. Conseguimos direcionar a produção muito mais rapidamente”, explica o vice-presidente de logística da Scania América Latina, Fabio Castello.

 

O executivo conta que a empresa tem um sistema global único de recebimento de pedidos, que direciona a demanda de acordo com a utilização de capacidade das plantas e a urgência do cliente. “Caso haja flexibilidade de prazo, os veículos não precisam sair necessariamente da planta mais próxima de seu destino final”, informa.

 

A montadora sueca do grupo Volkswagen possui três plantas na Europa e uma no Brasil que produzem os veículos completos. Mas é de forma global que a empresa trabalha com um número reduzido de insumos que atendem a todo o portfólio, incluindo peças, motores, caminhões e ônibus.

 

Castello pondera, entretanto, que esse sistema só é possível com um planejamento desde a concepção do produto, que leve em conta o que pode ser compartilhado na linha de produção.

 

“Apesar de termos uma atuação focada em pesados, esse fator não impede de qualquer empresa adotar o sistema”, acrescenta.

 

Em 2013, no auge das vendas de caminhões e ônibus no País, as exportações da Scania respondiam por 15% da produção local. No ano passado, esse índice subiu para 60% e, com isso, a montadora foi a líder nos embarques de veículos comerciais no período.

 

Para 2016, a empresa pretende elevar a receita com as vendas ao exterior de R$ 756 milhões para R$ 1 bilhão. “Em 2015, as exportações da Scania representaram 0,4% do total exportado pelo Brasil e temos muito orgulho desse feito”.

 

Castello revela que a fábrica paulista da Scania exporta para o mundo todo, inclusive regiões em que não há rotas diretas a partir do Brasil. “Para o Oriente Médio, por exemplo, usamos transbordo, mas não deixamos de exportar para lá”.

 

Crise do setor

 

O desempenho da Scania vem na contramão do setor de veículos comerciais. No ano passado, os emplacamentos de caminhões no País apresentaram retração de quase 50%.

 

Diante do cenário, montadoras como Mercedes-Benz e a também subsidiária de caminhões da Volks, MAN Latin America, aderiram ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE). Além de demissões em diversas empresas, houve suspensão temporária dos contratos de trabalho (layoff), férias coletivas e programas de demissão voluntária (PDV).

 

Mas a Scania afirma não ter adotado nenhuma dessas medidas. “Com o nosso sistema de produção, não precisamos fazer ajustes”, observa Castello.

 

O executivo acrescenta ainda que, muitas vezes, a distância entre a projeção de vendas e o resultado real gera custos desnecessários. Por isso, a empresa desenvolveu uma metodologia de previsão da produção, o forecast management, que alcança até 95% de acertos. “Nos últimos dois anos, aumentamos muito a acuracidade nas previsões”, comenta. (DCI/Juliana Estigarríbia)