Produção industrial enfrenta maior queda em 13 anos

O Estado de S. Paulo

 

A produção industrial encolheu 8,3% em 2015 em relação ao ano anterior, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do pior resultado de toda a série da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), que traz dados anuais desde 2003. Com isso, a indústria encontra-se hoje 19,5% abaixo do nível recorde alcançado em junho de 2013.

 

O tombo em 2015 teve perfil disseminado de taxas negativas, presentes nas quatro grandes categorias econômicas, em 25 dos 26 ramos, em 71 dos 79 grupos e 78,3% dos 805 produtos pesquisados. O resultado do ano passado, no entanto, veio em linha com a mediana das expectativas dos analistas de 27 instituições ouvidas pelo AE Projeções, que esperavam de queda de 8,40% a recuo de 8,00%.

 

Entre os setores, o principal impacto negativo em 2015 veio da indústria de veículos

 

Apenas em dezembro, a produção cedeu 0,7% ante novembro, na série com ajuste sazonal – a sétima queda seguida nesse confronto. Já em relação a dezembro de 2014, a produção caiu 11,9% e a sequência de quedas é ainda maior: foi o vigésimo segundo resultado negativo consecutivo.

 

A confiança em baixa, tanto dos empresários quanto dos consumidores, a deterioração do mercado de trabalho e a inflação batendo recordes de alta contribuíram para o mau desempenho da indústria em 2015, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

 

Setores

 

A indústria de bens de capital foi o principal destaque negativo de 2015. A produção de máquinas e equipamentos caiu 25,5% na comparação com 2014. Apenas em dezembro, a queda foi de 8,2% ante novembro e de 31,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

 

Dentre os setores, chama a atenção o dado de veículos automotores, que apresentou retração de 25,9% – o principal responsável pela queda da indústria em 2015 (-8,3%). Já o recuo mais intenso foi visto no setor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, cujo tombo chegou a 30% no ano passado e foi responsável pelo segundo maior impacto negativo.

 

A única alta na produção foi registrada pelas indústrias extrativas, com avanço de 3,9% no ano passado em relação a 2014. Minério de ferro e o petróleo foram os produtos que ajudaram a explicar esse desempenho.

 

Câmbio

 

Um dos poucos fatores positivos ao longo de 2015, o câmbio contribuiu para a melhora de alguns setores, mas foi insuficiente para recuperar a indústria como um todo. Os mais beneficiados são segmentos já voltados para o mercado externo, como celulose.

 

No fim de 2015, os estoques melhoraram em alguns setores, mas isso não significa que haverá retomada no início de 2016, advertiu o gerente do IBGE. (O Estado de S. Paulo)