Sem recuperação, setor automotivo continua demitindo

DCI

 

O cenário para veículos leves e comerciais está cada vez mais difícil. Com as quedas sucessivas das vendas e sem horizonte de retomada, montadoras continuam demitindo e encerrando operações.

 

Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, o sindicato dos metalúrgicos confirmou na noite da última sexta-feira (29) a demissão de 517 funcionários do complexo da General Motors (GM) que estavam com o contrato de trabalho suspenso (layoff) até ontem (31). A montadora informou que em agosto de 2015 já havia acordado no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que os funcionários que entrassem em layoff “não retornariam mais”.

 

Na planta do Vale do Paraíba, a GM produz a picape S10 e o utilitário esportivo (SUV, na sigla em inglês) Trailblazer, além de motores e transmissões. Em comunicado, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região informou que no início do layoff, a GM havia suspendido o contrato de 798 trabalhadores. “De lá pra cá, este número foi reduzido para pouco mais de 600 em razão dos próprios trabalhadores terem optado por sair da empresa”, destacou. A empresa havia aberto um programa de demissão voluntária (PDV) em sua fábrica, que foi encerrado no fim da semana passada.

 

Veículos comerciais

 

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas no mercado doméstico recuaram 26,6% no ano passado. Somente no segmento de ônibus, a queda atingiu mais de 38% em 2015.

 

Diante desse cenário, na última quinta-feira (28) a encarroçadora de ônibus Comil fechou as portas de sua planta na cidade de Lorena, no interior de São Paulo.

 

Segundo comunicado oficial, nem todos os funcionários serão dispensados, por ora, porque alguns ainda farão “atividades de transição e conservação do patrimônio”.

 

Mas a perspectiva é que os mais de 200 funcionários da planta devam ser demitidos nas próximas semanas.

 

A unidade fabril, com capacidade estimada em pouco mais de 4 mil unidades por ano, foi inaugurada recentemente, em janeiro de 2014, e demandou investimentos de R$ 110 milhões. No local, eram produzidos modelos exclusivamente para o segmento urbano, que representa a maior fatia do mercado de ônibus. Segundo montadoras que atuam neste segmento, os problemas enfrentados pelas prefeituras do País nos últimos dois anos para reajustar as tarifas contribuíram para a retração em veículos urbanos.

 

O planejamento da Comil contemplava um acréscimo no número de empregados de 200 para 500, além de mil indiretos. No entanto, a brusca queda nas vendas acertou em cheio o plano da empresa, que afirma manter o funcionamento da fábrica de Erechim (RS), com capacidade para produzir 4 mil unidades por ano.

 

Sem perspectivas claras de retomada, o segmento de encarroçadoras de ônibus vem se tornando cada vez mais concentrado. Em novembro do ano passado, a gigante Marcopolo assinou uma carta de intenções para incorporação da Neobus, da qual o grupo gaúcho já detém 45%.

 

O negócio ainda não foi concluído, entretanto, espera-se que seja fechado ainda no primeiro trimestre deste ano. A Marcopolo também trabalha com o selo Volare. (DCI/Juliana Estigarríbia)