Jornal do Carro
As vendas de automóveis no Brasil entraram em declínio a partir de 2013, e fecharam 2015 com 2.476.904 unidades, volume quase 1 milhão abaixo do de 2014. Na tentativa de recuperar o setor, a Anfavea (associação que reúne as fabricantes) propôs ao governo um programa de renovação da frota, que inclui automóveis, caminhões, motocicletas e implementos rodoviários. Nesta e nas próximas edições, o Jornal do Carro trará um raio X dos veículos que rodam no País. Nesta primeira reportagem da série, comparamos a idade média dos “nossos” carros com a de outros países. E a conclusão é a de que, ao menos nesse quesito, não estamos mal, mesmo em relação a nações mais desenvolvidas.
Frota jovem. Sucessivas quebras de recordes de vendas deixaram como saldo uma frota mais nova do que a de Alemanha e Japão, por exemplo. Estudo da consultoria Jato do Brasil mostra que os carros que rodam aqui têm idade média de 6,9 anos. Dependendo da fonte de consulta, é possível encontrar variações nos números, mas não a ponto de alterar esse quadro.
De acordo com o Sindipeças, sindicato da indústria de autopeças, a idade média da frota nacional é de 8,7 anos. Já para a empresa de consultoria IHS Automotive, que fez estudos sobre o tema, é de 8,1 anos, bem menos que a dos EUA, com 11,5 anos. Na Alemanha, os carros têm 9,4 anos (dados da Autoridade Federal de Transportes). A China tem frota mais nova porque o processo de industrialização no país é muito recente.
A explicação para o rejuvenescimento da frota nacional, em comparação com outros países, está no fato de que, de 2003 a 2012, as vendas do setor no País subiram ano após ano. A queda observada a partir de 2013 não comprometeu a renovação observada no período de “vacas gordas”. “Note que até 2005 os emplacamentos representavam menos da metade das vendas de 2012”, afirma o gerente de desenvolvimento de negócios da Jato do Brasil, Milad Kalume Neto. “Isso não significa que os veículos velhos deixaram de circular, mas a entrada de novos foi bem superior”.
Contraste
O bom momento do mercado brasileiro, até 2012, contrastou com o período de queda de vendas na Europa e EUA. Enquanto a crise dos Estados Unidos em 2008 derrubou as vendas e afetou até o continente europeu, por aqui a economia estava aquecida e havia incentivos para o setor, com redução de impostos e crédito fácil, incluindo prazos longos. Os emplacamentos subiram aqui e caíram em boa parte dos países desenvolvidos. Assim, enquanto a idade dos carros baixou, nos mercados mais maduros ela subiu.
Frota mais jovem resulta em menos poluição, quebras e acidentes. Isso porque modelos modernos incorporam motores mais econômicos e menos poluentes, além de itens como freios ABS e air bags.
Modelos. Quando se analisa a idade por segmentos, há ainda mais surpresas. De acordo com o estudo da Jato, o de utilitários-esportivos pequenos e médios, inaugurado pelo Ford EcoSport, em 2002, é o que reúne os carros mais novos, com idade média de 4,36 anos.
No período de dez anos, entre 2005 e 2015, foram emplacadas no País 488.633 unidades apenas do EcoSport. Além disso, o setor de jipinhos é o que mais tem recebido atenção das marcas, com lançamentos importantes, caso de Jeep Renegade e Honda HR-V.
Já os monovolumes que circulam no País têm cerca de 5,36 anos de uso. O Honda Fit, representante do segmento, acumula 438.647 unidades vendidas desde 2005. Entre as picapes pequenas, a média etária é de 5,4 anos. A Fiat Strada é a líder, com 1.034.053 vendas no País nos últimos 11 anos. (Jornal do Carro)