Folhapress
Dezenas de grandes acionistas da Volkswagen pretendem processar a montadora em um tribunal alemão, buscando compensação pela queda das ações devido ao escândalo de fraude em testes de emissões de poluentes.
O escritório de advocacia Nieding + Barth disse nesta segundafeira que apresentará um caso junto a um tribunal regional em Brunswick nesta semana, buscando centenas de milhões de euros em pagamento de danos em nome de 66 investidores institucionais dos Estados Unidos e Reino Unido.
“Somandose a isso, reunimos vários milhares de investidores privados. Assim, achamos que somos a maior plataforma para ações contra a Volkswagen na Alemanha”, disse Klaus Niedling, da Niedling + Barth.
As ações da Volkswagen perderam quase um terço de seu valor, ou cerca de 22 bilhões de euros, desde que a montadora admitiu em setembro ter enganado reguladores americanos sobre emissões de poluentes com a ajuda de um software instalado em automóveis com motores a diesel.
O escritório pretende usar as chamadas ações modelo de mercados de capitais, um procedimento judicial alemão que pela ausência de ações coletivas como as americanas usa determinações judiciais vencidas por investidores individuais como modelo para obter danos a outros que são igualmente afetados. A Volkswagen não comentou o assunto.
Escândalo
Em setembro do ano passado, veio à tona que a Volkswagen teria utilizado dispositivo para fraudar os resultados dos controles de dados de emissões em milhões de veículos em todo o mundo, em várias marcas de seus automóveis, entre 2009 e 2015.
Inicialmente, a Volkswagen admitiu que havia cerca de 11 milhões de veículos em todo o mundo equipados com um dispositivo para fraudar os resultados de emissões poluentes. Isso ocorreu depois de a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos ter notificado a companhia por violar a lei ao instalar o software, conhecido como “defeat device” (literalmente, “dispositivo de derrota”, ou dispositivo manipulador), nos veículos Volkswagen e Audi com motores de quatro cilindros vendidos entre 2009 e 2015.
O dispositivo é capaz de detectar o momento em que o carro está passando por um teste oficial de emissões e ativar o sistema pleno de controle de emissões apenas durante o teste. Em situações de uso normal, os controles são desativados e o veículo passa a poluir muito mais do que o fabricante reporta.
Posteriormente, outras denúncias aumentaram as proporções do escândalo, que chegou a carros da marca Porsche e a veículos com motor a gasolina. (Folhapress)