O Estado de S. Paulo
Na tentativa de fechar um conjunto de medidas para estimular o crédito, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, discute nesta quinta-feira, 14, com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, em São Paulo, linhas do banco que poderão ser utilizadas e quais setores serão beneficiados. A ideia é que o banco de fomento utilize parte dos R$ 30 bilhões que recebeu do governo no pagamento das pedaladas fiscais para estimular áreas consideradas estratégicas para segurar a queda da atividade econômica e do investimento.
Barbosa tem se reunido com os presidentes dos bancos públicos, mas quer apoio também das instituições privadas. O ministro deve aproveitar a visita a São Paulo para falar com presidentes de bancos privados, para apresentar as medidas em estudo pelo governo e discutir a situação da economia.
A avaliação de Barbosa, segundo interlocutores, é que é preciso estabilizar a economia enquanto as medidas de ajuste fiscal surtem efeito.
O ministro, porém, vem insistindo que não serão utilizados subsídios públicos. A ideia é aproveitar o funding mais barato do BNDES para oferecer crédito a taxas mais atrativas, como a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), sem equalização por parte do Tesouro Nacional, como ocorreu nos últimos anos.
A ideia é deixar o máximo encaminhado antes da próxima semana, quando o ministro parte para o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. O governo está estudando a melhor forma de fazer o anúncio das medidas, que não quer divulgar como um pacote salvador, mas sim como ações pontuais para melhoria do cenário.
Entre as medidas em estudo está a criação de uma linha para financiamento de capital de giro de empresas exportadoras e outras ações que, em tempo de demanda interna reprimida, possa ajudar a escoar a produção nacional. Também deverá ser criada uma linha para financiamento de capital de giro de pequenas e médias empresas. Além disso, o governo trabalha em um programa mais amplo para desenvolver questões como treinamento de mão de obra e melhoria de gestão.
Pedidos
Nas últimas semanas, Barbosa tem recebido empresários e representantes do setor privado, que têm apresentado demandas para ajudar seus setores a enfrentar a crise. Uma das reivindicações veio do setor automotivo, que pediu para o governo um programa que estimule a renovação da frota.
O programa está sendo estudado pelo Ministério do Desenvolvimento, mas sem o uso de subsídios. Na semana passada, o ministro Armando Monteiro disse ao Broadcast que uma das alternativas para financiar a iniciativa é utilizar recursos do DPVAT ou de um seguro criado com essa destinação. Esta semana, após reunião com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Luiz Moan, a Fazenda divulgou nota dizendo não haver espaço para projetos que impliquem em subsídios. (O Estado de S. Paulo/Lorenna Rodrigues)