O Tempo
Depois de mais de um ano de negociações, a empresa automobilística sino-árabe Amsia Motors bateu o martelo e escolheu Minas Gerais para investir quase R$ 2 bilhões em uma fábrica em Sete Lagoas, na região Central do Estado. Apesar da crise econômica, a multinacional espera produzir, ainda no primeiro ano de atividade, algo em torno de 25 mil veículos comuns na planta, que será a matriz nacional da empresa. Para cumprir a meta audaciosa, a Amsia estima criar 2.500 empregos diretos.
O diretor global de vendas e marketing da Amsia, Moeth Ahmed, estipulou um prazo de três anos para o início da produção. Durante a execução das obras, serão criados entre 1.500 e 2.000 empregos. A assinatura do memorando de entendimentos aconteceu nesta sexta na sede da prefeitura, entre Ahmed e o prefeito de Sete Lagoas, Márcio Reinaldo Dias Moreira (PP).
Apesar de a empresa ser especializada em veículos movidos a energia limpa (carros elétricos e híbridos), a produção em Minas Gerais começará por veículos comuns, já que o país “ainda não está preparado para essa linha sustentável”.
Inicialmente, a intenção da empresa era se instalar em Sergipe, porém não houve entendimento entre a diretoria da Amsia e o governo daquele Estado. “Fizemos em Sergipe o melhor que pudemos, mas as coisas não funcionaram. Minas Gerais atende toda a logística que precisamos e possui uma política fiscal mais agressiva”, explicou Ahmed.
Para dar o primeiro passo, a Prefeitura de Sete Lagoas se comprometeu a doar uma área total de 7 milhões de metros quadrados na região industrial do município. O prefeito Márcio Reinaldo informou que a cessão do terreno está garantida, mas ainda há a necessidade de desapropriação e aprovação do plano de negócios pelo Estado.
Com a intenção de dar preferência a fornecedores locais na aquisição de bens, insumos, matéria-prima e contratação de funcionários, o chefe do Executivo municipal ainda acredita que o empreendimento trará desenvolvimento social e econômico à cidade.
Incentivos
O diretor da Amsia Motors disse que pretende iniciar as obras assim que o governo do Estado e a União formalizarem a aprovação do empreendimento. Segundo Moeth Ahmed, as negociações sobre incentivos fiscais com as três esferas já estão avançadas. “Algumas questões específicas ainda precisam ser definidas, e, por isso, prefiro não comentar os termos do acordo”, disse.
A produção da Amsia será iniciada com veículos comerciais, especialmente os modelos mais leves. A montagem também inclui picapes, modelos SUV e caminhões comerciais de duas a dez toneladas. “Enquanto as obras estiverem em andamento, vamos tratar da regularização da documentação dos veículos e da autorização para circulação deles”.
Após o primeiro ano, em que devem ser produzidos 25 mil veículos, a expectativa é ampliar a produção. A intenção é também a de investir na fabricação de motores, tratores e produtos do setor de eletroeletrônicos.
Multinacional não teme crise no Brasil
Mesmo após o segundo rebaixamento da nota brasileira, feito pela agência de classificação de risco Fitch nesta semana, e pela Standard & Poor’s, o diretor global de vendas e marketing da Amsia Motors, Moeth Ahmed, pretende expandir os negócios por toda a América, sem temer a situação econômica do Brasil.
“Entendo todos os desafios por que passa o país, e tenho conhecimento de todos os índices importantes, como PIB, inflação e desemprego, mas entendo que o Brasil é um mercado muito forte, na medida em que 30% dos 230 milhões de habitantes têm carro”, disse.
Por ter o Brasil uma posição importante nas Américas do Sul e Latina, Ahmed afirmou que pretende expandir a atuação da companhia a partir daqui para países próximos, incluindo México e Estados Unidos. “Nossa intenção é exportar para esses mercados. O Brasil oferece desafios, mas traremos para cá soluções de custo para ser bastante competitivos”. (O Tempo/Angélica Diniz)