Chevrolet Cobalt evolui em beleza e tecnologia; merecia novo motor

UOL Carros

 

Dois empecilhos, basicamente, impediam o antigo Chevrolet Cobalt 1.8 de ser um carro mais sofisticado e competitivo frente à concorrência: o desenho cafona e o motor sem fôlego – o 1.8 EconoFlex é uma adaptação feita sobre o 1.4 homônimo. Parte dos problemas foi resolvida.

 

O visual dianteiro era inspirado no hatch Agile, carro que só durou cinco anos no mercado nacional. Precisa dizer mais? A traseira era neutra: não encantava nem chateava. Sim, o segmento preza por funcionalidade, deixando forma em segundo plano: Nissan Versa e Toyota Etios Sedan provam que o visual conta pouco entre os sedãs compactos ampliados.

 

Ainda assim, Honda City e Ford Fiesta Sedan foram renovados e deram aula de harmonia no quesito design e também em recheio, provando que o Cobalt precisava mudar para garantir seu espaço. Isso aconteceu em dezembro passado, quando o sedã passou por sua primeira grande mudança desde que foi lançado no Brasil, em 2011. O desenho ficou melhor, embora tenha improvisos, e o interior evoluiu consideravelmente, em tecnologia e requinte.

 

Além disso, o sedã estreou a central multimídia MyLink 2, que já tinha uma das funcionalidades mais interessantes do segmento e agora pode até espelhar celulares (via CarPlay e Android Auto), e também passou a oferecer o OnStar, serviço de atendimento 24h personalizado da GM. UOL Carros rodou por cerca de duas semanas com o Cobalt Elite e o sistema funcionou perfeitamente, seja via cabo, com iPhone e celular com Android, ou via Bluetooth.

 

Motor precisa mudar

 

O motor, porém, continua sendo o 1.8 EconoFlex de antes. Não que seja ruim ou beberrão, mas 108 cv e 17,1 kgfm de torque com etanol (106 cv e 16,4 kgfm com gasolina) é praticamente o mesmo que o motor 1.0 turbo de três cilindos do Volkswagen up! TSI pode render (são 101/105 cv e 16,8 kgfm de torque).

 

Sobra tecnologia quando o assunto é conectividade, mas falta novidade na parte mecânica. O conjunto de direção mantém a assistência hidráulica (e não elétrica, como em carros mais modernos) e os freios continuam a usar discos ventilados na dianteira e obsoletos tambores na traseira. O câmbio automático de seis marchas é a exceção: bom, mas que seria mais utilizado em parceria com motor mais moderno – a GM deveria investir na mudança, sobretudo se considerarmos que o Cobalt 1.8 Elite A/T 2016 custa salgados R$ 67.990.

 

Na prática

 

O Cobalt 1.8 não anda mal, mas precisa de tempo para despertar. O motor tem pouco torque em rotações baixas, berra demais ao ganhar velocidade e precisa das primeiras marchas em determinadas retomadas. Isso prejudica o consumo, que foi apenas médio enquanto o carro esteve na redação: 8,9 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada, ambos com gasolina no tanque. Novamente: um motor melhor e mais moderno cairia como luva.

 

Por dentro, bancos de couro em tom marrom, quadro de instrumentos digital, tela tátil no painel e espaço de folga para cinco pessoas dão a sensação de que o carro pertence à categoria superior. O porta-malas reforça essa sensação: 563 litros, maior que o da maioria dos sedãs médios do mercado.

 

O desenho ainda chama a atenção nas ruas, não pela beleza, mas pelo fator “novidade”. Por várias vezes a equipe de UOL Carros, durante viagem à Belo Horizonte (MG), se deparou com curiosos, quase sempre taxistas, olhando para o carro com cara de interrogação. Um deles até questionou nossa equipe: “Esse é o Cobalt? Tá mais bonito que o Cruze”. Por enquanto. (UOL Carros/André Deliberato)