Setor automotivo preocupa governo, mas ajuda esbarra em restrição orçamentária

O Estado de S. Paulo

 

Medidas concretas para o setor automotivo, como a que chegou a ser, esbarram nas restrições orçamentárias enfrentadas pelos cofres públicos. O governo discute desde o início do ano passado com o setor a criação de um programa de renovação de frotas, principalmente de caminhões. Mas, segundo apurou o Broadcast, serviço de noticias em tempo real da Agência Estado, não há nenhuma definição a respeito.

 

O presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção, anunciou, em evento em São Paulo, que há um “compromisso verbal” do governo de lançar ainda neste mês um programa de renovação da frota. Batizado de Programa Sustentabilidade Veicular, o projeto foi uma iniciativa da indústria.

 

De acordo com fontes do governo, há uma preocupação real com a situação do setor automotivo. A queda nas vendas e o risco para os empregos estão em pauta, mas as propostas do empresariado ainda estão sendo avaliadas pelo governo.

 

Pela ideia proposta, um proprietário de automóvel com mais de 15 anos de uso ou de um caminhão com mais de 30 anos, poderia trocá­lo por um novo em concessionárias autorizadas ou revendedoras independentes. O veículo usado seria avaliado e o valor definido viraria crédito na compra do novo automóvel ou caminhão.

 

A proposta, apresentada ao governo pelo setor no final do ano passado, prevê ainda a criação de um seguro adicional para a sustentabilidade veicular, com pagamento obrigatório para os motoristas.

 

Resistência

 

Mesmo se for adotado algum programa de incentivo à renovação de carros e caminhões, dificilmente a proposta original será integralmente encampada pelo governo, apurou o Broadcast.

 

A discussão, que ainda está sob avaliação na área técnica, não chegou ainda ao primeiro escalão da equipe econômica, que tem demonstrado resistência a medidas que possam acarretar qualquer impacto aos gastos públicos.

 

No fim do ano passado, o governo acabou com o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES, que previa linhas de financiamento subsidiadas justamente pelas dificuldades de o Tesouro Nacional manter os subsídios.

 

Procurado, o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) disse que está estudando propostas relacionadas ao setor automotivo, mas disse que não há definição de nenhuma medida. (O Estado de S. Paulo/Lorenna Rodrigues)