Fiat Toro chega às lojas após o Carnaval com preço para concorrer com a S10

UOL Carros

 

Já marcou na agenda? 2016 será o ano da revolução no segmento de picapes. Os primeiros movimentos para essa alteração profunda em um nicho ainda dominado por produtos voltados “para o trabalho” estão sendo dados agora no final de 2015: a Renault apresentou a compacta-média Renault Duster Oroch, que já vende bem; a Toyota ampliou o conforto interno para seguir como referência com a nova geração da média Hilux; e a Ford já mostra quais serão os próximos passos da reestilização da Ranger, que chega na virada do primeiro semestre, para não ficar no passado (já que só em 2017 haverá nova geração global). A Fiat é outra interessada: promete muito com sua Toro, que teve a primeira imagem real divulgada na tarde desta terça-feira (15). Resta saber se vai cumprir.

 

UOL Carros recebeu informações de que tamanho, preço e tecnologia embarcada serão as armas da Toro para explorar o “buraco” existente as picapes compactas e o segmento médio. Com 4,91 metros de comprimento, borda superior da caçamba a cerca de 1,35 m de altura e capacidade de carga de 1 tonelada, o modelo ocupará uma faixa para fugir das compactas, desviar das médias e evitar a Oroch. A data de apresentação será marcada para a primeira semana útil após o Carnaval de 2016 (15 a 21 de fevereiro).

 

Preços seguirão o patamar do utilitário esportivo Jeep Renegade, com quem a Toro divide plataforma (base construtiva, equipamentos, materiais e boa parte da tecnologia): entre R$ 70 mil e R$ 120 mil – o SUV parte de R$ 68.900 (1.8 flex com câmbio manual de cinco marchas) e vai a R$ 124.900 (2.0 turbodiesel com câmbio automático de nove marchas). Novamente, serão valores acima do intervalo da Oroch, mas abaixo do de picapes médias.

 

O que ela tem

 

Ainda segundo informações, acabamento e mecânica serão bastante similares aos do Renegade. De fato, a picape usará as mesmas formas de painéis e revestimentos do SUV, claro, trocando qualquer menção ao universo da Jeep por emblemas da Fiat e logos estilizados com o nome da picape (nos quais a letra “T” deverá evocar um… touro). O interior da cabine dupla da Toro também é semelhante ao do Renegade, com bom espaço para quatro passageiros, ainda que o acesso pelas portas traseiras (que são tradicionais, não suicidas, como na Strada 3-Portas) vá ser um pouco complicado pelo ângulo de abertura, altura da cabine e curvatura do teto. A acomodação nos bancos, porém, deverá seguir o padrão de carros de passeio, que permitem viajar mais encostado e relaxado – quem anda de picape tradicional sabe que as costas viajam quase sempre paralelas à chapa traseira da carroceria, com quase nenhum apoio contra escorregamentos, tornando qualquer trajeto mais longo uma experiência cansativa.

 

Haverá uma opção mais básica, voltada ao trabalho, com motor 1.8 flex (Etorq, 132 cv) e câmbio manual (fala-se apenas no seis marchas). Todas as demais intermediárias usarão o seis marchas automático, enquanto as opções de topo de gama estarão equipadas com o 2.0 turbodiesel (Multijet 2, 170 cv) com câmbio automático ZF de nove marchas e tração integral 4×4 selecionável.

 

Também deverá ser função da Toro entregar os novos nomes de versões da Fiat: a imagem oficial mostra o emblema Tornado, nome das novas versões mais completas e caras, que neste caso terá o motor turbo com câmbio 9/AT, LEDs e sistema multimídia UConnect de último tipo.

 

Todas as configurações terão suspensão independente nas quatro rodas (traseira multibraços, em reposta à Oroch), mas os freios traseiros serão a tambor, enquanto o Renegade usa freios a discos. Ainda assim, parece que a oferta de controles de estabilidade e tração, bem como auxílio em rampas será garantida.

 

Se a Duster Oroch não é muito atrativa visualmente, a Toro promete ter estilo como diferencial: a frente em três níveis prevê luzes de posição e iluminação diurna no topo do conjunto, com filetes de LEDs nas versões topo de gama. Nas demais, o formato permanecerá, mas usando lâmpadas halógenas e materiais reflexivos para criar o mesmo efeito impactante. Na traseira, lanternas que lembram um meio-termo entre as peças da Strada atual e do Renegade usarão LEDs em qualquer versão.

 

Como aponta a imagem oficial, confirmando apontamentos prévios, a tampa da caçamba é bipartida e se abrirá como portas de armário, com duas folhas independentes de acionamento elétrico fracionado (será necessário destravar uma vez para cada folha). Na prática, é o mesmo estilo utilizado na perua Mini Cooper Clubman, por exemplo, e o intuito é atrair o público jovem, bem como mulheres, que fogem das caçambas com tampas tradicionais, que precisam de muito espaço e dificultam a colocação de carga para quem não tem braços longos. O assoalho da caçamba fica pouco acima do para-choque traseiro, a cerca de 25 cm do solo, enquanto cada folha de porta mede cerca de 65 cm.

 

A briga pelo comprador

 

Com estas credenciais, o objetivo da Fiat Toro será um só: vender muito. O segmento de compactas entregou, nos primeiros meses de 2015, cerca de 180 mil unidades. No de picapes médias, o volume cai para pouco mais de 75 mil. A Renault já apontou intenção de entregar 50 mil unidades ao ano. Não espere número muito distante disso para a Toro.

 

No acesso, Fiat Strada (91.759 unidades em onze meses), Volkswagen Saveiro (53.711) e Chevrolet Montana (22.552) vendem bastante, sobretudo para clientes comerciais, mas são pequenas (a líder tem 4,47 metros de comprimento total) e levam pouca carga (em torno de 600 quilos). Têm vantagem na pegada de carro e no preço entre R$ 40 mil e R$ 70 mil.

 

No topo, Chevrolet S10 (30.246 unidades de janeiro a novembro), Toyota Hilux (29.420) e Ford Ranger (15.618) se valem da carroceria montada sobre chassis para levar mais carga e/ou oferecer mais espaço aos ocupantes (o modelo da GM tem 5,35 m na versão com cabine dupla e sua capacidade de carga começa em torno dos 900 kg, mas pode passar tranquilamente de 1 tonelada na configuração cabine simples, com caçamba ampliada). Além disso, “suportam o tranco” do trabalho pesado com versões 4×4 com tração reduzida. Jogam contra o time das médias a falta de conforto (é normal se sentir como operador de britadeira no interior de uma) e o preço elevado, que parte de R$ 70 mil nas versões mais simples e comerciais, encostando nos R$ 190 mil com alguns mimos de carro de passeio (caso da nova Hilux).

 

Restará às intermediárias Oroch (maior que as compactas) e Toro (maior que a Oroch) desbravarem novos clientes e carregarem vendas sobretudo das versões mais equipadas das compactas e menos refinadas das médias de cabine dupla. A própria Oroch já se dá bem: com apenas dois meses úteis de mercado, emplacou 1.780 unidades, tendo vendido mais que a Ranger em novembro. (UOL Carros)