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De olho na rentabilidade, a chinesa Chery deve ampliar, em 2016, o foco no segmento de utilitário esportivo (SUV, na sigla em inglês). Para os próximos dois anos, a montadora espera trazer duas versões do Tiggo para produção local.
“Vamos apostar mais em SUV porque é um segmento que está crescendo muito e que tem maior rentabilidade”, afirmou na última sexta-feira (11) a jornalistas o vice-presidente executivo da Chery Brasil, Luís Curi.
Ele admite que o estudo da planta de Jacareí (SP) poderia ter priorizado o SUV da marca. “Todo o planejamento estava voltado para veículos de entrada. Hoje, eu avalio que poderíamos ter trazido primeiro o Tiggo”, pondera.
Segundo Curi, o já acirrado segmento de veículos de entrada foi fortemente afetado pela crise. Além disso, dos dez meses de operação da fábrica, a linha de produção só funcionou, de fato, por seis meses devido a greves e outros imprevistos.
“Por isso, só vendemos neste ano o que conseguimos produzir”, ressalta. Em 2015, a Chery terá produção de 5 mil unidades e, somando estoques remanescentes, a montadora deve encerrar o ano com pouco mais de 5,5 mil unidades vendidas.
O executivo salienta que o recorde de vendas da marca foi em 2011 (30 mil unidades), quando a empresa levou uma verdadeira “rasteira” com a majoração do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) em 30 pontos percentuais para importados.
“Depois disso, sofremos com a indefinição do Inovar-Auto até o final do ano seguinte. Se tivéssemos uma bola de cristal, teríamos reduzido a velocidade da fábrica”, ironizou o executivo.
Revisão do planejamento
Antes com uma meta de 3% de participação de mercado até 2017, agora a Chery acredita que esse volume só será atingido em “cinco ou seis anos”.
Curi se mostra, contudo, otimista sobre a retomada do setor. “O mercado vai voltar a crescer principalmente onde somos especialistas, no segmento de entrada”, pontua.
Em 2015, a empresa enxugou a folha de pagamentos em 20% para fazer frente à crise. “Basicamente pessoal do administrativo”, destaca Curi.
Para 2016, a marca projeta produção de 10 mil unidades, sendo 8 mil para o mercado doméstico. “Pretendemos exportar mil unidades para países da América do Sul”, observa. Hoje, a Chery Brasil não exporta veículos para a região.
Curi garante ainda que o parque de fornecedores previsto para o entorno da planta de Jacareí está mantido. Dos 25 fabricantes esperados, ele conta que cerca de 20 são chineses. Mas a fábrica de motores, que inicialmente seria instalada a alguns quilômetros da linha de montagem, foi anexada à planta principal devido aos baixos volumes produzidos. (DCI/Juliana Estigarríbia)