O Estado de S. Paulo
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, afirmou que o Brasil tem uma série de problemas sistêmicos que não podem ser resolvidos no curto prazo e que, apesar de o câmbio representar uma janela de oportunidade para os exportadores, não é este fator que dará competitividade sustentável de longo prazo para a economia do País.
O ministro reconheceu que o País tem deficiências de infraestrutura, precisa promover uma integração mais rápida a acordos internacionais, revisão da estrutura tarifária e articulação a cadeias globais de valor.
“Portanto, nós temos muito o que fazer. O Brasil ainda tem um grau de introversão muito grande para os padrões internacionais”, ponderou Monteiro. Segundo ele, o Brasil exporta 10% do PIB, o que é pouco para os padrões internacionais.
Crise política
O ministro também avaliou que o Brasil vive período de grande turbulência política e tem o desafio de promover um ajuste fiscal para buscar o reequilíbrio econômico – precondição para relançar a economia brasileira e promover o crescimento.
“O ajuste não tem que ter efeito paralisante. É preciso complementá-lo com medidas para o crescimento, mas o Congresso ficou enredado nas disputas políticas e não tem sido possível um entendimento mínimo fazer as mudanças necessárias na economia dada a velocidade da dinâmica da crise”, afirmou.
Segundo Monteiro, a despeito da legitimidade das disputas políticas em curso, algumas questões tem que ser decididas com urgência “sob o custo de a economia brasileira sofrer grandes efeitos”.
Para o titular do MDIC, é preciso buscar uma solução política no prazo mais curto possível. “Confio que isso aconteça e que se dê em um marco de institucionalidade”, disse. Para o ministro, instituições que funcionam representam um dos ativos do Brasil no cenário internacional.
Monteiro afirmou ainda que a crise atual é produto do esgotamento de um ciclo, que se deu com contínua elevação do gasto público. De acordo com ele, diversas questões devem ser decididas pela sociedade brasileira, como a reforma previdenciária e a discussão das políticas de distribuição de renda.
“Temos muitos desafios pela frente e espero que o Congresso Nacional seja capaz de agir para que o Brasil não sofra um processo de deterioração ainda mais intenso”, afirmou. (O Estado de S. Paulo/Mário Braga e Álvaro Campos)