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A MAN Latin America, fabricante dos caminhões e ônibus Volkswagen, deve registrar em 2015 o primeiro prejuízo desde que começou a produzir no País em 1996. Com 75% de ociosidade em Resende (RJ), a montadora não descarta uma nova retração em 2016.
“Se não houver uma mudança drástica no cenário político e econômico vai ser difícil recuperar a confiança e, consequentemente, o mercado de caminhões”, afirmou ontem o presidente da montadora, Roberto Cortes.
Com uma capacidade instalada anual de 100 mil caminhões em Resende, a MAN deve fechar o ano com vendas de 24 mil unidades no Brasil, recuo próximo a 50% em relação ao desempenho do ano passado.
Diante do quadro, o resultado financeiro na América Latina (incluindo México, onde a empresa possui fábrica) deve ser negativo, revela Cortes. “Pela primeira vez na história, teremos prejuízo.”
Ele explica que as medidas de ajustes enxugaram a fábrica de Resende em 50%. A planta opera hoje com apenas um turno, quatro dias por semana.
Além disso, a empresa acabou de acordar com o sindicato local a adesão ao programa de proteção ao emprego (PPE), que prevê 20% de redução da jornada, mas sem cortes de salário, uma vez que a empresa irá complementar o valor pago pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), medida inédita no mercado brasileiro.
A montadora também concederá quase 30 dias de férias coletivas a partir de amanhã. Geralmente, a parada de final de ano soma apenas uma semana, segundo a companhia. “Estamos conseguindo gerenciar a crise relativamente”, destaca o presidente da MAN.
Sobre o cenário brasileiro, Cortes não se diz a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas admite que uma mudança pode trazer alívio ao mercado. “Do jeito que está não pode ficar.”
Ele acredita que, caso o País mude os rumos da economia – o que passa pela solução da crise política – o mercado pode sim voltar ao patamar de 100 mil unidades em 2016. “Não descartamos essa possibilidade. Além disso, cedo ou tarde a frota terá que ser renovada.”
Liderança
Mesmo com a queda expressiva do mercado brasileiro, em torno de 50%, a MAN salienta que ganhou 0,8 ponto percentual de participação em caminhões e deve fechar 2015 na liderança de emplacamentos pela 13ª vez consecutiva.
“Enfrentamos aumento do número de players e uma concorrência acirrada”, disse Cortes, se referindo à “arquirrival” Mercedes-Benz. Neste ano, a MAN deve elevar as exportações em 50% para Argentina, Chile, México e África do Sul. (DCI/Juliana Estigarríbia)