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Após dominar o segmento de utilitários esportivos por mais de uma década e atingir a marca de um milhão de unidades produzidas, o Ford EcoSport perdeu neste ano o trono para o Honda HR-V e ainda foi superado pelo Jeep Renegade. Além do avanço dos SUVs novatos, o Eco sente de muito perto a ameaça do Renault Duster, que diminui a diferença nos emplacamentos a cada relatório divulgado pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Até o fechamento desta matéria, as cinco primeiras posições do ranking de SUVs estava definido da seguinte maneira: Honda HR-V na primeira posição, com 45.774 emplacamentos, seguido por Jeep Renegade (33.474), Ford EcoSport (31.917), Renault Duster (31.886) e Hyundai ix35 (13.768).
Conformada com o HR-V consolidado na primeira posição, a Ford voltou a sua atenção à ascensão do Jeep Renegade. Para tentar reverter esse quadro, a marca lançou, no final de setembro, versões do EcoSport equipadas com o motor 1.6 e a transmissão automatizada PowerShift de dupla embreagem e seis marchas. A estratégia da empresa é “povoar” a faixa de preços entre R$ 70 mil e R$ 75 mil, uma vez que o Jeep e os demais SUVs com câmbio automático da concorrência partem de valores mais próximos dos R$ 80 mil.
Com a oferta desse conjunto mecânico, a gama do EcoSport foi atualizada de modo que a motorização 2.0 de 147 cv ficou disponível apenas na configuração Freestyle 4WD manual (R$ 82.500) e na topo de linha Titanium PowerShift (R$ 85.900).
A gama do Eco 1.6 automático (automatizado, na verdade) começa em R$ 68.690 na versão SE Direct (disponível por encomenda para atender a frotistas e portadores de necessidades especiais) e sobe a R$ 71.900 com o acréscimo de rodas de liga leve. Já a Freestyle e Freestyle Plus custam R$ 76.900 e R$ 80.300, respectivamente, quando equipadas com a caixa PowerShift – valores R$ 1.000 mais em conta que as versões Sport 1.8 A/T e Longitude 1.8 A/T do Renegade.
Para comportar a transmissão PowerShift com um motor menor que o 2.0 Duratec, o EcoSport teve de receber o bloco 1.6 TiVCT que já equipava as versões mais completas do New Fiesta. Após receber algumas melhorias, o propulsor passou a entregar 126 cv de potência e 15,3 kgfm de torque com gasolina e 131 cv e 16,1 kgfm quando abastecido com etanol.
Para favorecer a economia de combustível, a Ford lançou mão do uso de peças móveis de baixo atrito, bomba de óleo variável e lubrificante de baixa viscosidade (5W20). Além disso, o utilitário compacto recebeu pneus de baixo atrito que, segundo a fabricante, ajudam a reduzir o consumo em até 3%.
O novo conjunto mecânico do EcoSport é quase capaz de fazer o motorista esquecer a existência do motor 2.0. O propulsor entrega desempenho suficiente para a proposta urbana do SUVinho, com arrancadas e retomadas espertas. Essa agilidade é proporcionada pelo bom casamento do bloco de 1.6 litro com a caixa automatizada de dupla embreagem. A transmissão executa trocas rápidas, mas se mostrou indecisa na hora de reduzir marchas na hora de encarar ladeiras – problema resolvido com o uso do modo manual por meio das pouco práticas teclas na alavanca.
Apesar da maior aptidão para rodar no asfalto, o EcoSport calça pneus de uso misto, que elevam o ruído de rodagem. Já a suspensão de acerto mais firme garante boa estabilidade para o SUV, embora a carroceria tenha altura elevada. Por outro lado, o conjunto compromete um pouco o conforto ao rodar sobre pisos esburacados. Uma característica do EcoSport que demanda certo tempo de adaptação é a leveza excessiva da direção elétrica a velocidades de cruzeiro.
No geral, o EcoSport é um dos SUVs compactos mais agradáveis de dirigir. Esse comportamento pode ser creditado à plataforma compartilhada com o New Fiesta e pela ergonomia da cabine. A posição de dirigir é boa mesmo para um carro mais altinho e a localização dos comandos é correta. A tela do computador de bordo, no entanto, poderia ser mais nítida.
Já o acabamento interno é outro ponto que merece um pouco mais de cuidado por parte da Ford, uma vez que a qualidade dos materiais e os arremates são bastante simples para um modelo que custa mais de R$ 70 mil. No caso do carro testado, um exemplar da versão Freestyle 1.6 PowerShift (R$ 76.900), havia peças desalinhadas e mal encaixadas.
Junto com o novo conjunto mecânico, outra novidade que passa a fazer parte do SUV é a Assistência de Emergência integrada ao sistema multimídia SYNC. O recurso aciona o SAMU automaticamente em caso de acidente se estiver conectado a um telefone celular via Bluetooth.
De série, o jipinho sai de fábrica com ar-condicionado; direção elétrica; vidros, travas e espelhos com acionamento elétrico; piloto automático; espelhos externos com pisca integrado; computador de bordo; airbags frontais; freios com ABS; controles de estabilidade e tração; piloto automático; assistente de partida em rampas; faróis de neblina; volante com controles de telefonia e áudio e a central multimídia SYNC com Applink, Bluetooth, USB, CD e comando de voz. Na versão avaliada, há o acréscimo de sensor de estacionamento traseiro, acabamento externo na cor cinza comando de abertura e fechamento global dos vidros e rodas de liga leve de 16 polegadas.
Com o reposicionamento de versões, o EcoSport pode atingir um número maior de consumidores, mas a política de preços da Ford poderia ser mais ousada – principalmente quando a meta é tomar vendas de um concorrente mais refinado tecnologicamente e que ainda conta com o fator novidade para atrair clientes. Por apenas R$ 1.000 de diferença, será difícil convencer o consumidor a deixar o Jeep na concessionária para levar o modelo da Ford. (Carsale)