Audi A3 Sedan 2.0 mostra o melhor da produção nacional

Carplace

 

Se a versão 1.4 do A3 Sedan nacional fez concessões em relação ao modelo importado para redução de custos, a configuração 2.0 do sedã chega melhor que a 1.8 importada em praticamente tudo, e ainda um pouco mais barata (R$ 137.990 contra R$ 140.190). Com estreia nas lojas prevista já para este começo de dezembro, o A3 Sedan topo de linha ganha motor 2.0 turbo de 220 cv, teto -solar panorâmico de série e não abre mão do câmbio S-Tronic nem da suspensão traseira multilink. Em resumo, um Audi de verdade.

 

A marca dos anéis atuou em duas frentes no A3 produzido em São José dos Pinhais (PR): o 1.4 acompanhou as soluções que serão adotadas do Golf 1.4 TSI, como a adoção da injeção flex no motor turbo e a troca da transmissão de dupla embreagem por uma automática convencional (Tiptronic com conversor de torque), além de um eixo de torção na suspensão traseira no lugar da multilink. Já o A3 Sedan 2.0 segue os passos do Golf GTI, que também será brasileiro a partir de fevereiro: motor 2.0 turbo de 220 cv, câmbio S-Tronic de seis marchas (caixa com engrenagens banhadas em óleo em vez da caixa seca de sete velocidades do antigo 1.8) e suspensão traseira multibraços. Fora isso, neste carro a Audi não efetuou mudanças na altura de rodagem, mantendo a configuração mais esportiva do modelo.

 

O motor 2.0 16V turbo é a estrela da receita, unindo injeção direta e indireta e o sistema de variação de levantamento das válvulas (Audi valvelift system). Cada cilindro conta com dois injetores, um para a injeção indireta (usada em cargas leves e médias de acelerador) e um para a direta (altas rotações), quando é exigido o desempenho máximo do motor. Em relação ao propulsor 1.8 do modelo importado, os ganhos são notáveis: 220 cv de potência (40 cv extras) e 35,7 kgfm de torque (10,2 kgfm a mais!). E isso sem descuidar do consumo, já que a Audi informa que o A3 2.0 recebeu nota A na classificação de eficiência energética do Conpet, baseada em testes do Inmetro.

 

Levado para a pista, o A3 “GTI” deu show de desempenho: ajudado pelo sistema de controle de largada (que ajusta o motor e a transmissão para a melhor arrancada possível), o Sedan disparou de 0 a 100 km/h em apenas 6,7 segundos nas quatro passagens da prova – batendo em 0,2 s o tempo divulgado pela própria Audi e igualando a marca do primo Golf GTI importado. Para efeito de comparação, a versão 1.8 turbo anterior cumpriu a mesma prova em 7,8 segundos. Agora, o A3 2.0 passa a desbancar o rival BMW 320i ActiveFlex, que fez 7,2 s. Faltou ao Audi apenas a opção de beber etanol, uma vez que, ao contrário da versão 1.4, o motor 2.0 se manteve somente a gasolina.

 

Na tocada, o destaque fica por conta do recurso Audi Drive Select, que permite variar o comportamento do carro de acordo com seu gosto – oferece os modos Efficiency, Comfort, Auto e Dynamic. Na opção econômica, as marchas são trocadas cedo e o Sedan fica lento nas reações, favorecendo o consumo.

Para condução diária gostei mais do modo Auto, que concilia economia e desempenho de acordo com seu pé direito. Já o Dymanic transforma o A3 num esportivo de estirpe, esticando as marchas pra valer e tornando a direção mais firme (ela já é bem rápida).

 

Em outras palavras, o A3 2.0 faz jus às quatro argolas no focinho e engole a estrada à frente, seja ela em linha reta ou cheia de curvas. O motor cresce de giro com vontade e esbanja força com seu torque pleno já a 1.500 rpm, se estendendo até 4.400 giros – e logo a 4.500 rpm começa a rotação de potência máxima. Isso quer dizer que o Sedan está praticamente o tempo todo com sua patada pronta para ser dada, além de as trocas quase instantâneas do câmbio DSG ajudarem no despejo de potência para as rodas. Ah, e para os que curtem brincar com as borboletas da transmissão em estradinhas de montanha, elas voltam a fazer todo o sentido neste carro, aceitando reduções com giro elevado e fazendo trocas ascendentes num piscar de olhos – coisas que se perderam com o Tiptronic da versão 1.4.

 

Por fim, temos a suspensão. Os mais críticos do ponto de vista do conforto talvez reclamem da firmeza do conjunto somada às rodas aro 17? com pneus de perfil baixo (Pirelli P7 225/45 R17), mas o fato é que estamos falando de um sedã médio-compacto com 220 cv. No dia-a-dia a versão 1.4 se sai melhor na superação de buracos e obstáculos, até por ser mais alta, mas em condução esportiva é a confiança do 2.0 que você quer. Na versão mais cara (com multilink), a inclinação da carroceria é bem mais contida e a traseira entra na brincadeira quando abusamos da velocidade, deixando a coisa toda mais divertida – mesmo em se tratando de um tração dianteira. A direção conversa bem com o motorista e os freios, fortes, estancam o A3 quando vindo a 100 km/h em somente 37,9 metros.

 

A única coisa que piorou em relação ao antigo A3 1.8 ( motor quer permanece no hatch), como esperado, foi o gasto de combustível. Na estrada, a média do 2.0 ficou em 13,2 km/l de gasolina, enquanto o 1.8 registrou 16,3 km/l na mesma medição. Na cidade, o consumo médio foi de 10,5 km/l do 1.8 para 9,5 km/l no 2.0. Como o tanque teve a capacidade mantida em 50 litros, a autonomia em circuito rodoviário foi reduzida de 815 km para 660 km.

 

Claro que, com motorzão e mais equipado, o A3 2.0 não tem preço de Corolla como a versão 1.4 se propõe. Ainda assim, os R$ 137.990 são coerentes com a proposta e o deixa embolado com o BMW 320i ActiveFlex e o Mercedes C180 – ambos sem oferecer o mesmo desempenho do Audi, em que pese a tração traseira e o porte maior dos rivais. Disponível apenas na versão Ambiente, o A3 2.0 vem de série com teto-solar “open sky”, ar digital de duas zonas, bancos de couro sintético (que podem ser na cor preta ou cinza clara), retrovisor eletrocrômico, retrovisores externos rebatíveis, drive select e sistema de som com Bluetooth.

 

Como opcionais são oferecidos o Lane Assist (que lê as faixas de rolamento e endurece a direção para manter o carro entre elas quando não se dá a seta), o ACC (controlador de velocidade ativo, que freia e acelera sozinho de acordo com o tráfego à frente), o rádio MMI Plus com GPS e o Park Assist (que manobra sozinho o carro em vagas perpendiculares ou paralelas). O problema de sair equipando o Sedan é chegar aos R$ 169.490 cobrados pelo modelo completo como o testado por nós. Se você valoriza uma tocada esportiva e deseja o refinamento de um Audi (por dentro o carro nacional é idêntico ao importado), a versão 2.0 “básica” já resolve muito bem a questão.

 

Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.984 cm³, turbo, injeção direta e indireta, gasolina; Potência: 220 cv de 4.500 rpm a 6.200 rpm; Torque: 35,7 kgfm entre 1.500 e 4.400 rpm; Transmissão: câmbio automatizado S-Tronic de dupla embreagem e seis marchas, tração dianteira; Direção: elétrica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e independente multilink na traseira; Freios: discos nas quatro rodas com ABS e EBD; Rodas: aro 17? com pneus 225/45 R17; Peso: 1.320 kg; Capacidades: porta-malas 425 litros, tanque 50 litros; Dimensões: comprimento 4.456 mm, largura 1.796 mm, altura 1.416 mm, entre-eixos 2.637 mm

 

Medições Carpace

 

Aceleração

0 a 60 km/h: 3,6 s

0 a 80 km/h: 5,0 s

0 a 100 km/h: 6,7 s

 

Retomada

40 a 100 km/h em S: 4,6 s

80 a 120 km/h em S: 4,1 s

 

Frenagem

100 km/h a 0: 37,9 m

80 km/h a 0: 24,0 m

60 km/h a 0: 13,6 m

 

Consumo

Ciclo cidade: 9,5 km/l

Ciclo estrada: 13,2 km/l

(Carplace/Daniel Messeder)