Salão de Tóquio aposta em urbanos compactos

Folha de S. Paulo

 

Ao ser aberta, a porta lateral do conceito Daihatsu Noriori libera espaço para um adulto entrar no carro sem ter de curvar a cabeça.

 

Também não é preciso erguer a perna, pois uma rampa facilita o acesso.

 

Na parte de trás, cadeirantes não encontram obstáculos que dificultem a acomodação na cabine. Tudo isso em um veículo que, apesar de alto, tem o tamanho de um hatch compacto.

 

Soluções desse tipo ocupam boa parte dos estandes no Salão de Tóquio.

 

Na Honda, o Wander Stand é uma proposta de transporte urbano com dois lugares em proporções diminutas.

 

Para a Suzuki, o futuro tem três fileiras de assentos e o formato à moda Kombi do híbrido Air Triser, que também é pequeno.

 

Em comum, todos têm recursos interativos como painéis digitais projetados no para­brisa. Conectados à internet, aceitam comandos de voz e funcionam como um secretário virtual.

 

O mais importante, no entanto, é onde as empresas japonesas querem chegar com essas alternativas.

 

Nos Jogos Olímpicos de 2020, a vila que hospedará os atletas deverá ser atendida por veículos elétricos autônomos. Será um ambiente perfeito para a experiência, pois as rotas poderão ser traçadas previamente por GPS. E sem a “interferência” de carros convencionais, os riscos de acidente serão minimizados.

 

“A tecnologia calcula a posição do veículo e sua direção em tempo real, controlando a direção, a frenagem e a aceleração, além de corrigir desvios”, explica Keiji Otsu, diretor de estratégia de tecnologia da Honda.

 

A segurança será complementada por câmeras de alta definição que reconhecem pedestres e fazem a leitura das faixas brancas pintadas no asfalto, dividindo pistas e acostamento.

 

Após a Olimpíada, os japoneses desejam que esse sistema seja mais uma opção de transporte urbano, por meio de veículos compartilhados compactos, de fácil acesso para idosos e pessoas com dificuldades de mobilidade.

 

Assim como o trem­bala foi o legado em 1964, esse novo modelo poderá ser a herança em 2020.

 

Os recursos que possibilitarão essa experiência são exibidos em um espaço do salão chamado Smart Mobility City, que recebe também estandes como o da Hitachi, onde é apresentado um sistema compacto para abastecimento de carros a hidrogênio.

 

Essa tecnologia é vista como o futuro pela Toyota, por permitir que carros com motor elétrico tenham autonomia de cerca de 700 km, a exemplo do Mirai. “Em um passado não tão distante, carros híbridos ou elétricos também eram incomuns. Mas se não houver apostas,

não haverá mudanças”, diz o presidente da empresa, Akio Toyoda.

 

O jornalista Eduardo Sodré viajou a convite da Anfavea. (Folha de S. Paulo/Eduardo Sodré)