Folha de S. Paulo/Agência AFP
O presidente da Volkswagen na América do Norte, Michel Horn, declarou ontem que soube no começo de 2014 que as emissões de carros a diesel fabricados pela empresa não se ajustavam às normas nos Estados Unidos.
Ele disse, no entanto, que não soube de imediato sobre o software que fraudava os testes de emissões de poluentes dos veículos, e que teria sido avisado sobre ele no início de setembro.
Questionado no Congresso dos Estados Unidos sobre quando se inteirou do artifício, respondeu: “poucos dias antes” da reunião de 3 de setembro entre a empresa e um organismo do Estado da Califórnia.
“Não me haviam dito então, e eu também não tinha nenhuma razão para suspeitar ou crer que nossos carros tinham esse sistema”, afirmou.
O programa permite mostrar menos emissões de gases poluentes durante testes do que quando o carro funciona normalmente Horn é o primeiro executivo da Volkswagen que comparece ante o Congresso americano para explicar o escândalo revelado no dia 18 de setembro dos Estados Unidos.
A declaração ocorre no mesmo dia em que a polícia alemã revistou a sede da Volkswagen em Wolfsburgo e outros escritórios do grupo, como parte da investigação do escândalo dos motores adulterados, informou a promotoria de Brunswig (norte da Alemanha) em comunicado.
A empresa admitiu ter munido 11 milhões de carros a diesel no mundo inteiro com o software que frauda testes de emissão. A eclosão do escândalo fez com que o presidente da companhia, Martin Winterkorn, renunciasse e fosse substituído por Matthias Müller, até então responsável pela marca Porsche.
De acordo com reportagem do jornal alemão “Bild am Sonntag”, a fraude ocorre desde 2008. Por não encontrarem uma fórmula que os permitisse cumprir ao mesmo tempo os limites de emissões de poluentes como o de custos, engenheiros teriam recorrido naquele ano ao software para evitar que um projeto que era de grande importância para a companhia tivesse que ser paralisado.
O motor teria começado a ser produzido em série não só para o mercado americano, mas para o mundial.
No Brasil, o único modelo com motorização semelhante à envolvida na fraude global é picape média Amarok, que é produzida na Argentina e tem motor 2.0 turbodiesel. Esse modelo não é comercializado no mercado norteamericano, e a empresa ainda não divulgou uma lista oficial de produtos que estejam envolvidos no problema em outros países. Em janeiro, a companhia deve iniciar o recall dos veículos. (Folha de S. Paulo/Agência AFP)